Pesquisadores da Unila estudam uso da cannabis em tratamento veterinário

por Giselle Ulbrich
com informaçções de Fidel Alvarenga, da RICtv
Publicado em 24 jul 2022, às 07h45. Atualizado em: 23 jul 2022 às 18h46.

Pesquisadores da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, vão começar a aplicar um medicamento à base de maconha em animais de estimação. O objetivo da pesquisa é tratar os bichos que sofrem de osteoatrite.

Vick é uma das pacientes que vai participar do estudo. Passear nunca foi uma atividade muito prazerosa para ela, que sofre de osteoartrite, uma doença degenerativa causada pelo desgaste da cartilagem e o atrito entre os ossos, o que gera muita dor.

“Ela começou a ter sintomas de querer parar o passeio no meio, dormir um pouco mais no inverno, coisas que ela não cosntumava a fazer. E a gente começou a desconfiar que tinha algo diferente”,

contou a estudante Neide Griebeler, dona da Vick.

A Vick tem osteoartrite na região da bacia. A doença pode ter origem genética ou causada por outros fatores, como peso e até acidente. Para conviver com a dor, ela toma analgésicos e anti-inflamatórios. Mas os mesmos medicamentos que trazem alívio, provocam outros problemas.

“Osteoartrite é uma doença crônica. E os antiinflamatórios, com o tempo, podem dar outros problemas nos animais, como doenças no fígado, doenças renais, gastroenterites”,

contou o farmacêutico Ricardo Penayo Cremonese.

Ricardo é farmacêutico e mestrando de biociência na Unila. Ele e a Neide começaram a realizar uma pesquisa, que consiste em melhorar o tratamento em animais que sofrem de osteoartrite. A ideia é usar o óleo extraído da maconha, misturado com azeite de oliva, como única medicação, por que ela pode ter o efeito tanto do analgésico quanto do anti-inflamatório.

“A gente quer avaliar justamente isso. Fazer uma relação com esse medicamento que a gente está testando, se vai diminuir os efeitos adversos que os animais tem a longo prazo. O que se tem hoje são testes e estudos por dois ou três meses. Mas não se sabe se usar por seis meses, que é um prazo maior, um uso contínuo, como esse cão vai reagir”,

explicou Ricardo.

O óleo da maconha é fornecido por uma associação de Santa Catarina, que produz a planta e extrai a essência para uso medicinal. O uso de derivado de cannabis como tratamento em animais ainda não é regulamentado no Brasil. Por isso se esse medicamento tiver resultado positivo nos pacientes, pode ser um avanço na medicina veterinária.

Desde 2017, a Unila participa de estudos clínicos sobre atividades farmacológicas da cannabis em doenças neurológicas, reumatológicas e psiquiátricas. Hoje, o professor Francisney Nascimento coordena essa nova pesquisa.

“Os medicamentos a base de cannabis já estão regulamentados, de certa forma, para a medicina humana, mas não para a medicina veterinária. Mas a gente já sabe de vários relatórios anedóticos de outros países, inclusive do Brasil, de forma não oficial, que o uso de canabis e seus derivados pode ajudar em várias doenças, inclusive a ostoartrite, que é o objeto do nosso estudo. A gente pretende que o estudo sirva como base para impulsionar o uso no Brasil e regulamentar o uso da canabis inclusive em animais”,

diz Francisney.

A Vick vai participar dessa pesquisa e receber o medicamento, em um período de 6 meses.

“A gente tem uma expectativa bastante grande, que a gente consiga diminuir esses outros medicamentos e promover uma analgesia melhro com o uso da cannabis. Diminuir o processo inflamatóriao e principalmente melhorar clinicamente ela e outros pacientes”,

afirmou Neide.

Veja sobre o tratamento na reportagem de Fidel Alvarenga, da RICtv:

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