Entre os dias 20 e 25 de fevereiro, a CAIXA Cultural Curitiba vai realizar uma experiência diferente. A Mostra CineConcertos – O cinema nunca foi mudo vai apresentar filmes silenciosos que serão exibidos com trilhas sonoras improvisadas ao vivo. Na programação, cinco longas-metragens e uma sessão de 13 curtas, todos filmes clássicos do cinema mundial musicados por três grupos de diferentes músicos. As sessões serão sempre às 19h, com entrada gratuita, mas a sugestão é para que o público traga alimentos não perecíveis que serão doados para a população carente. Três das seis sessões serão seguidas por debates, uma delas, no dia 24, contará com audiodescrição e intérprete de libras. Em todas as sessões serão disponibilizados protetores auriculares para público com transtorno do espectro autista (TEA).
A iniciativa é do cineasta, crítico de cinema e jornalista, Aristeu Araújo, que assina a curadoria cinematográfica da Mostra. Já a curadoria musical é de Luiz Lepchak, desenhista de som e compositor de trilhas para cinema. A Mostra CineConcertos tem o patrocínio CAIXA.“O intuito de reunir filmes tão distintos uns dos outros foi mostrar ao público o quão rico e plural é o cinema silencioso. Era uma época de muita exploração da linguagem cinematográfica que abriu novos horizontes estéticos do cinema e influenciou o mundo.” conta Aristeu.Ver filmes “mudos”, como popularmente os filmes ficaram conhecidos na época, com música ao vivo é uma experiência única e algo muito raro, com certeza o público irá se emocionar. “Na verdade, ‘o cinema nunca foi mudo’, aliás este é o slogan da Mostra, desde o início os filmes eram acompanhados de som, mesmo nas salas mais simples sempre tinha um pianista. Os filmes podiam ser acompanhados por orquestras, narradores que explicavam o que estava acontecendo, atores atrás das telas fazendo vozes ou gramofones tocando. A ideia é proporcionar uma atualização dessa experiência que acontecia 100 anos atrás”, explica o curador.
Criar a trilha para os filmes é o maior desafio do projeto, a proposta da curadoria musical foi reunir grupos e músicos com trabalhos diferentes entre si para proporcionar ao público diferentes sonoridades para cada filme. O trabalho é de improviso, ou seja, as trilhas para cada filme só vão acontecer uma única vez. Cada grupo de músicos irá musicar duas sessões. Os ensaios serão para conhecer os filmes, definir os instrumentos e determinar um acordo de improvisação. “Vamos trabalhar com profissionais talentosos e experientes cujo objetivo será criar trilhas não convencionais explorando instrumentos e sons que não eram comuns na época que esses filmes foram produzidos. Será muito instigante acrescentar uma nova camada de sonoridade com texturas contemporâneas aos filmes clássicos”, destaca o curador musical. Os músicos convidados são: Antonio “Panda” Gianfratti (do Grupo Abaetetuba); Carlos Ferreira e Diego Poloni (música experimental, guitarra elétrica, sintetizadores e pedais de efeitos) e Juarez Neto Sexteto – grupo de jazz de Curitiba, criado especialmente para a Mostra, composto por: Lilian Nakahodo (pianista), Duda Comunello (guitarrista), Igor Loureiro (baixo elétrico), Gabi Bruel (percussionista) e Dani Dalessa (baterista).
Confira a programação:
20/02 (terça) – 19h (*com debate na sequência)
Curtas de Alice Guy / França (1898 a 1907)
Duração:48min
Direção: Alice Guy
Música ao vivo: Juarez Neto Sexteto
Classificação: Livre
Filmes cedidos pelo Institut Français de Cinema que serão exibidos: “Chez le magnétiseur”, “Chirurgie fin de siècle”, “Avenue de l’opéra”, “Chapellerie et charcuterie mécaniques”, “Chez le photographe”, “Questions indiscrètes”, “Madame a des envies”, “Les Résultats du féminisme”, “Le Lit à roulette”, “La Course à la saucisse”, “Alice Guy tourne une phonoscène?”, “Sur la barricade” e “Le Billet de banque”.
Embora tenha sido apagada da história, Alice Guy foi a primeira a fazer ficção no cinema.
21/02 (quarta) – 19h
Nanook, O Esquimó / França, EUA (1922)
Duração:78min
Direção: Robert J. Flaherty
Música ao vivo: Juarez Neto Sexteto
Classificação: 12 anos
O filme é considerado o primeiro documentário formal da história do cinema. Documenta um ano da vida do esquimó Nanook e de sua família, que vivem em Hudson Bay, no Canadá. Retrata a caça (a animais como o leão marinho), a pesca e as migrações de um grupo que está totalmente à parte da industrialização da década de 20. Registra o cotidiano de uma família que realiza as atividades do dia-a-dia com foco basicamente em uma única questão: ter o que comer.
22/02 (quinta) – 19h (*com debate na sequência)
Nosferatu / Alemanha (1922)
Duração: 94min
Direção: F.W. Murnau
Música ao vivo: Antonio Gianfratti
Classificação: 12 anos
Um clássico do cinema Expressionista alemão. Hutter, agente imobiliário, viaja até os Montes Cárpatos para vender um castelo no Mar Báltico cujo proprietário é o excêntrico conde Graf Orlock, que na verdade é um milenar vampiro que, buscando poder, se muda para Bremen, Alemanha, espalhando o terror na região. Curiosamente quem pode reverter esta situação é Ellen, a esposa de Hutter, pois Orlock está atraído por ela.
23/02 (sexta) – 19h
São Paulo, Sinfonia da Metrópole / Brasil (1929)
Duração: 90min
Direção: Rodolfo Lustig e Adalberto Kemeny
Música ao vivo: Antonio Gianfratti
Classificação: 10 anos
A cidade de São Paulo no final da década de 20. Urbanismo, moda, monumentos públicos, industrialização, fatos históricos, expansão do café, educação e o burburinho do cotidiano. Baseados no clássico Berlim – Sinfonia da Cidade (1927), os húngaros Adalberto Kemeny e Rodolfo Lustig, donos de um dos melhores laboratórios de cinema da época, produziram este documentário.
24/02 (sábado) – 19h
(*sessão com audiodescrição e debate na sequência com intérprete de libras)
Pour Don Carlos / França (1921)
Duração: 90min
Direção: Musidora e Jacques Lasseyne
Música ao vivo: Carlos Ferreira e Diego Poloni
Classificação: 12 anos
Baseado no livro de Pierre Benoît, o filme retrata a guerra civil entre o governo republicano local e os Carlistas, apoiadores do pretendente ao trono da Espanha, no final do século XIX. Um jovem subprefeito cai em uma armadilha elaborada pela musa da insurreição Carlista antes de se juntar à causa.
25/02 (domingo) – 19h
Limite / Brasil (1931)
Duração: 120min
Direção: Mário Peixoto
Música ao vivo: Carlos Ferreira e Diego Poloni
Classificação: 12 anosÚnico filme de Mário Peixoto. Em um pequeno barco à deriva, duas mulheres e um homem relembram seu passado recente. Uma das mulheres escapou da prisão; a outra estava desesperada; e o homem tinha perdido sua amante. Cansados, eles param de remar e se conformam com a morte, relembrando (através de flashbacks) as situações de seu passado. Eles não têm mais força ou desejo de viver e atingiram o limite de suas existências.