Clássico ou moderno. Não importa o estilo, é preciso entender a alma do projeto. Veja na coluna do arquiteto Ivan Wodzinsky

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Não importa qual o estilo definido para sua casa. O que interessa é o resultado final. E mais: se ele é compatível com sua personalidade.

Ivan Wodzinsky

Um dia um cliente me falou: “O moderno foi inventado para baratear o clássico”. O apartamentão dele é clássico e, devido às proporções e à qualidade do projeto do imóvel, o  apelidei de apartamento Avenue Foch, aquela de Paris. A princípio podemos até concordar com este comentário. Mas a partir do momento que se executa um projeto em estilo minimalista,  atendendo rigorosamente os procedimentos que esse estilo exige, daí já não concordo mais, porque todo estilo bem executado tem o seu ônus. Mas isto é um outro assunto.

Para navegar nos diferentes estilos é preciso conhecê-los e dominá-los e, assim, adaptá-los aos tempos atuais. (Fotos: Divulgação/Ivan Wodzinsky)

Não existe estilo feio, existe estilo mal resolvido. É muito importante que o profissional tenha cultura (se o cliente também tiver essa cultura, ajuda bastante, risos). Para navegar nos diferentes  estilos é preciso conhecê-los e dominá-los e, assim, adaptá-los aos tempos atuais.

Quando o profissional começa a pensar o estilo, até mesmo com a ajuda do cliente, é preciso entender a alma deste estilo, entender o espírito da coisa. Por exemplo, no escritório criamos uma casa de campo totalmente atual, pé direito amplo, grandes vãos, todas as comodidades de uma casa na cidade. Este projeto poderia ser em um estilo rústico, típico de uma casa de campo, como geralmente a conhecemos. Mas tomamos a decisão de fazer uma arquitetura moderna, com a alma de uma casa de campo.  E é aí que está o segredo de um bom conceito. Fizemos isso através dos materiais, das memórias afetivas dos clientes, como o uso do teto de madeira, lareira forrada de pedra, um fogão à lenha com mesa de refeição para reunir a família e amigos, uma adega enclausurada, bem estilo cave, tradicional; e uma piscina que se integra com o lago em frente ao projeto. O paisagismo foi totalmente integrado com a natureza do local, com um pomar, um lago, sem uma grande intervenção separando o lote e o restante da paisagem rural.

Por outro lado, pode-se ter também uma obra arquitetônica clássica (independente de se de época ou atual), com todo o detalhamento clássico, mas fazendo um interior moderno. Tudo é questão da alma, lembram-se? Quando esse caminho é cuidadosamente conduzido, o resultado é sempre elegante, requintado e contemporâneo. Por isso que insisto, precisamos ter cultura. Cultura é o alimento para nossa alma e nos ajuda a entender a alma alheia.

ura. Cultura é o alimento para nossa alma e nos ajuda a entender a alma alheia. (Fotos: Divulgação/Ivan Wodzinsky)

Independente de qualquer estilo é aconselhável e fundamental, na minha opinião, manter a arquitetura e o projeto em um ambiente de total contemporaneidade. Ou seja, sendo moderno, clássico, oriental ou rústico, temos sempre que nos manter no momento atual.

O que quero dizer com isso? Não há necessidade de ter apelos funcionais e estéticos que nos leve a um passado ou a um retrocesso. Fazer um estilo clássico revisitado é uma coisa. Outra coisa é querermos nos confinar na casa dos nossos avós, incluindo aí a falta de todos os aparatos técnicos, como automação, uma boa iluminação, entre outras tecnologias atuais. Da casa dos nossos avós ficamos com a saudade do carinho e do cheiro de bolo.

Clássico revisitado

Clássico revisitado é uma coisa e casa antiquada é outra. A não ser que esta “casa dos avós” em questão seja uma obra de referência histórica e que mereça um bom restauro (lembrando aqui que restauro é uma coisa e imitação é outra. Imitação jamais), mas com projeto de compatibilização para uso totalmente dentro do viés contemporâneo. Um imóvel antigo pode ter uma abordagem totalmente moderna: cozinha moderna, banheiros, iluminação, mobília modernos. Isso é um luxo total.

O clássico revisitado sempre vem acompanhado de alma e atitude contemporâneas. (Foto: Divulgação/Ivan Wodzinsky)

Sem querer ser pretensioso, para se ter um estilo clássico revisitado é preciso ter cultura, bolso recheado e juízo.  Não abro mão disso e conheço inúmeros exemplos. Vocês podem observar que os grandes artistas milionários geralmente procuram para morar um castelo, uma casa antiga ou um apartamento hiper clássico. Além de ser de um tremendo bom gosto, estas personalidades adotam esse estilo  até mesmo para resguardar sua reputação.

Já fiz muitos projetos no clássico revisitado, sempre com total sucesso e que até hoje se mantêm atuais. Repito, estilo clássico é uma coisa e casa de gente antiquada é outra. O clássico revisitado sempre vem acompanhado de alma e atitude contemporâneas. Sempre comento com meus clientes que a idade física chega, mas temos que manter nossa cabeça atualizada. E isso se reflete na nossa casa, na nossa roupa, no nosso carro, no nosso estilo de vida. Ou somos “in voga” ou ficamos desatualizados. Que perigo né gente!!!

Estilo moderno

Falando agora sobre o estilo moderno. Adoro! Esse moderno limpo, minimalista, com poucos matérias, arrojado, impactante, deslumbrante. Esse que a gente olha e nos engole pelo prazer de ver, que da água na boca. O escritório gosta de trabalhar nesse estilo, sobretudo gosto demais do minimalismo. Mas atenção: nesse estilo de arquitetura de interiores, além de ser necessário entender a alma dessa jornada e do próprio cliente, temos que enxergar a própria alma autônoma desse estilo. Ele pede algo a mais do que usar poucos itens. É difícil entender? É difícil sim. Não querendo ser crítico, mas é isso que vejo hoje no panorama atual, ambientes ditos modernos ou minimalistas, simplesmente repetitivos, viciosos. Parece que todo mundo está vestindo a mesma roupa, com a atmosfera de uma fadada desatualização em um futuro próximo. Ou seja, quando acontece isso é porque o profissional enxergou apenas o corpo do estilo minimalista e não a sua alma. Sempre a tal alma.

Assim é com qualquer gênero ou estilo de decoração, em qualquer lugar do mundo, para qualquer gosto, para todas as pessoas. Por isso não tenha medo de escolher seu estilo, encare isso com corpo e alma e de preferência tendo um bom profissional parceiro.

Eu, arquiteto Ivan Wodzinsky, sou contemporâneo e eclético. Não desprezo nenhum estilo. Só não gosto de coisa feia. Sou exigente e acredito que todo o trabalho precisa ser bem encaixado. Todo trabalho para ter bom resultado, precisa ser bem feito, não tem outro caminho. Para entender estilos, é necessário que o profissional pesquise incessantemente. É preciso conhecer tudo, o máximo de referências possível, não tem preconceito com nada, não desprezar as possibilidades que, em algum momento, podem ajudar. Isso é cultura,  cultura, cultura.

Para entender estilos, é necessário que o profissional pesquise incessantemente. (Foto: Divulgação/Ivan Wodzinsky)

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