Após quase quatro anos desde o início da pandemia de Covid-19, o setor de imóveis comerciais mostra sinais de recuperação, especialmente em São Paulo e no Paraná. Dados recentes de entidades do setor imobiliário revelam aumento na procura por espaços comerciais, impulsionado pelo interesse de empreendedores em retomar ou iniciar novos negócios.
De acordo com levantamentos do Instituto Paranaense de Pesquisa e Desenvolvimento do Mercado Imobiliário e Condominial (Inpespar), vinculado ao Sistema Secovi-PR, no Paraná, o índice de Locação Sobre Oferta (LSO) registrou um crescimento, atingindo 7,8% em junho de 2023, em comparação com os 5,5% de maio do mesmo ano. Este aumento é considerado substancial pela instituição.
Para o engenheiro civil Maurício Wildner da Cunha, da Construtora Andrade Ribeiro, era previsto que o setor comercial demoraria para retomar os patamares anteriores à pandemia. “É claro que ainda precisamos caminhar para melhorar esses índices, e tudo depende da recuperação da economia, mas percebemos que o interesse na demanda por imóveis e salas comerciais começa a atingir índices mais satisfatórios para o setor”, afirma.
Em São Paulo, a Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios (AABIC) apontou que a taxa de vacância, indicando a disponibilidade de imóveis comerciais para locação no estado, chegou a 21% em março de 2023. Durante o auge da pandemia, esse índice atingiu 38%, enquanto antes da crise sanitária, a vacância era de 18%.
Cunha acrescenta que uma das características que podem interessar aos comerciantes na hora de procurar um imóvel, seja para comprar ou alugar, é a localização das salas dentro de galerias nos térreos dos edifícios. “São espaços que, por terem outros comércios vizinhos e estarem instalados na saída dos edifícios, chamam a atenção do público. Muitas pessoas querem a comodidade de ter acesso facilitado a serviços próximos ao ambiente de trabalho ou às residências. Para os comerciantes, é sempre vantajoso estar mais perto do público”, explica.
Muitos empresários têm se preparado antes de fazer esta escolha. João Arruda é um exemplo, ele alugou três lojas do edifício AR3000, no bairro Juvevê, em Curitiba.As operações começaram no mês passado. “Com a galeria, por estar em um edifício comercial e localizada no Juvevê, conseguimos atender a demandas também de outros moradores e trabalhadores do Juvevê, Jardim Social e Centro Cívico”, comenta o empresário.
Além disso, a pandemia transformou as prioridades dos compradores e inquilinos de imóveis comerciais. Agora, a saúde no ambiente de trabalho é fundamental, o que se traduz em espaços com maior circulação de ar, iluminação natural, áreas de conveniência amplas e locais de atendimento ao público que privilegiam a segurança. Essas características estão se tornando cada vez mais comuns em novas construções, mesmo com o afastamento gradual da crise sanitária, refletindo uma mudança duradoura nas expectativas do mercado imobiliário. “A tendência, mesmo com o afastamento da crise sanitária, após quase quatro anos de seu início, é que essas características sejam cada vez mais incrementadas nas novas obras”, diz o engenheiro.