Serial killer de homossexuais é condenado a 104 anos de prisão por latrocínio e extorsão

por Ederson Hising
com colaboração de Guilherme Barchik
Publicado em 14 jul 2022, às 12h40. Atualizado às 13h31.

O serial killer de homossexuais José Tiago Correia Soroka, conhecido como Coringa, foi condenado a 104 anos, quatro meses e seis dias de prisão por três crimes de latrocínio (roubo seguido de morte), roubo agravado e extorsão. A decisão da juíza Cristine Lopes, da 12ª Vara Criminal de Curitiba foi proferida na sexta-feira (8). Os crimes de latrocínio foram agravados por causa da homofobia.

Nesta quinta-feira (14), a defesa do condenado entrou com recurso no Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) pedindo revisão da decisão. Para o advogado Rodrigo Riquelme Macedo, que integra a defesa, os crimes cometidos por Soroka devem ser julgados pelo Tribunal do Júri. Soroka, que tinha sido preso em março do ano passado, continuará em reclusão em regime fechado, conforme a sentença.

O serial killer foi acusado de matar três homens homossexuais, sendo dois em Curitiba e um em Abelardo Luz (SC). O primeiro latrocínio vitimou o professor universitário Robson Olivino Paim, de 36 anos, encontrado morto em 16 de abril do ano passado, em Almirante Tamandaré, na região de Curitiba. As investigações apontaram que o professor foi morto em Santa Catarina. O corpo estava em um carro abandonado.

Em Curitiba, Soroka foi condenado por matar o enfermeiro David Júnior Alves Levisio, de 28 anos, em 27 de abril de 2021. Ele foi encontrado amarrado e morto, com sinais de tortura e requintes de crueldade, três dia após o crime, dentro do próprio apartamento na Av. Santa Bernadete, na Vila Lindóia, em Curitiba.

O terceiro latrocínio atribuído ao serial killer foi a morte do estudante de medicina Marco Vinício Bozzana da Fonseca, 25 anos. Ele foi encontrado morto, com o corpo já em decomposição, dentro de seu apartamento na Rua Antônio Pietruza, bairro Portão.

“No caso, o acusado, com a intenção de exteriorizar o seu ódio contra a população LGBTQIA+, passava a agir de forma aleatória, selecionando as vítimas específicas que experimentariam o seu desprezo. Assim, em cada crime decorrente de preconceito perpetrado pelo acusado, extrai-se a sua descarga de desprezo, de forma única e com o objetivo subjugar as vítimas de acordo com o seu ódio, de menosprezá-las, aproveitando cada momento”,

afirmou a juíza na sentença.


Soroka também foi condenado ao pagamento de 229 dias-multa, sendo que cada um vale um trigésimo de um salário mínimo à época dos crimes cometidos.

Investigações

De acordo com as investigações, a maneira de matar as vítimas era semelhante, em regiões próximas da capital, além de que ambas as vítimas eram da área de saúde e vieram de fora para estudar e trabalhar na capital paranaense. De todas as vítimas, o serial killer levava pertences, o que configurava inicialmente um latrocínio.

As investigações também indicaram que o serial killer marcava os encontros por aplicativos de relacionamento entre homossexuais. Em um primeiro momento, o indivíduo trocava fotos com as vítimas e posteriormente se deslocava até a residência, ao chegar no local as estrangulava. Após o sufocamento as cobria com cobertas. Imagens de câmeras de segurança captaram a presença de Soroka no prédio em que uma das vítimas morava.

Em 11 de maio, Soroka tentou matar mais um homossexual, no bairro Bigorrilho, em Curtiba, Na ocasião, a vítima conseguiu resistir ao ataque, mas teve alguns pertences levados. O sobrevivente, conforme a Polícia Civil, foi fundamental para ajudar na ligação e no esclarecimento entre os crimes.

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