BRASÍLIA (Reuters) – Em um discurso de mais de 40 minutos em tom de confronto, o presidente Jair Bolsonaro chamou de inimigos os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), fez ameaças veladas à democracia e levantou mais uma vez as críticas às urnas eletrônicas.

“Temos inimigos, poucos, e eles habitam a região dos três Poderes. Esses inimigos podem muito, mas não podem tudo”, disse Bolsonaro, nesta quinta-feira (31), em evento em que deu posse aos substitutos de ministros que deixaram o governo para serem candidatos.

“Não podemos aceitar o que vem acontecendo passivamente”, acrescentou.

Na cerimônia estava presente o deputado Daniel Silveira (União-RJ), que é investigado no inquérito de atos antidemocráticos. Silveira chegou cedo ao Planalto, onde foi recebido por Bolsonaro. Ele desceu a rampa para o Salão Nobre com o presidente e foi citado no discurso como exemplo de perseguição do Judiciário.

O deputado, que já foi preso por ameaças ao STF, descumpriu a ordem de se manter afastado de outros investigados no inquérito dos atos antidemocráticos, o que levou o relator do inquérito no STF, ministro Alexandre de Moraes, a ordenar que passasse a usar tornozeleira eletrônica. Depois de resistir, Silveira concordou, mas foi ao Planalto sem o equipamento.

“Quando a população deveria se preocupar em perder a liberdade com o chefe do Executivo, a preocupação é com outro Poder”,

afirmou.

Em seu discurso, Bolsonaro atacou outras decisões do STF, reclamou de processos que impedem críticas ao sistema eleitoral do país e criticou decisão recente da ministra Rosa Weber que impediu o arquivamento da investigação contra ele por prevaricação.

“Nós aqui temos tudo para sermos uma grande nação, para sermos exemplo para o mundo. O que falta? Que alguns poucos não nos atrapalhem. Se não tem ideias, cale a boca! Bota a tua toga e fica aí sem encher o saco dos outros! Como atrapalham o Brasil”,

disse.

Por Lisandra Paraguassu

 

 

31 mar 2022, às 12h50. Atualizado às 13h53.
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