Eleitores com deficiência ainda enfrentam desafios para exercício do voto

por Rafael Fantin
Com a colaboração da estagiária Maria Eduardo Paloco
Publicado em 21 set 2022, às 06h29. Atualizado às 06h30.

O Paraná tem 83.998 eleitores com deficiência ou mobilidade reduzida aptos para votar no dia 2 de outubro. A frieza da estatística esconde em cada unidade numérica histórias individuais de superação e de luta para exercer o direito democrático do voto direto. 

Entre os 84 mil eleitores está Susane Lopes, 33 anos, que tem paralisia cerebral. Desde os 18 anos, ela faz questão de votar nas eleições municipais e nos pleitos que definem os representantes na esfera federal e estadual.

Cadeirante, Susane tem a coordenação motora precária e se relaciona com o mundo com o dedo mínimo. Alfabetizada, a jovem possui o sistema cognitivo preservado, terminou o Ensino Médio, escreveu um livro aos 15 anos, e usa um quadro de palavras e o próprio computador adaptado para a comunicação alternativa.

“Ela procura conhecer os candidatos, entre eles, os que representam causas que defendem os direitos das pessoas com deficiência. Além disso, quando vê alguma notícia em que esses direitos são atacados, ela também critica e se posiciona”, afirmou a mãe Fabiana Lopes.

De acordo com ela, a família poderia pedir à Justiça Eleitoral para que a jovem deixasse de participar das eleições, mas Susane faz questão de exercer a cidadania por meio do voto e mesmo em domingos de lazer no sítio, a mãe leva a filha no período da tarde para escolher os candidatos na urna eletrônica. “Ela tem opinião e muitas vezes escolhe candidatos diferentes do que da família”, acrescentou.

O eleitor PcD pode requerer a facultatividade em razão de sua deficiência tornar impossível ou demasiadamente oneroso o exercício do voto.

Urna eletrônica

A eleitora está registrada em uma seção no Colégio Mãe de Deus, no centro de Londrina, e teve a sala alterada nas últimas eleições, pois tinha a necessidade de subir escadas para o primeiro piso. Agora, ela pode votar no térreo. Mas, Susane ainda enfrenta dificuldades para garantir o seu direito democrático.

Segundo a mãe, a filha não consegue digitar os números da urna eletrônica sem uma máscara de acrílico, como a que possui no teclado do computador. Assim, ela precisa entrar com a jovem na urna eletrônica, pegar a “colinha” e digitar os números. A cada candidato, Susane confirma o escolhido na tecla verde da urna com o dedo mínimo.

O acompanhamento já enfrentou resistência de alguns mesários, lembra a mãe, mas esse é um direito da pessoa com deficiência. “Se ela fosse sozinha, poderia anular todos os votos. Por isso, uma máscara de acrílico seria um avanço para deixar as urnas eletrônicas ainda mais inclusivas”, cobrou a mãe.

De acordo com o site do TRE-PR (Tribunal Regional Eleitoral) do Paraná, todas as urnas eletrônicas são preparadas para atender pessoas com deficiência visual. Além do sistema braile e da identificação da tecla número cinco nos teclados, os tribunais eleitorais disponibilizam fones de ouvido nas seções com acessibilidade.

Com solicitação específica, o eleitor cego ou com deficiência visual pode receber sinais sonoros com indicação do número escolhido e retorno do nome do candidato em voz sintetizada. A partir das Eleições 2022, vídeos com uma intérprete de Libras serão apresentados em todas urnas eletrônicas preparadas para o pleito. Os vídeos indicarão qual cargo está em votação no momento.

Paraná

No total, 31.373 eleitores paranaenses possuem dificuldade para locomoção; 11.540 tem deficiência visual; 7.018 tem deficiência auditiva; 2.309 tem dificuldade para o exercício do voto e 40.108 declararam que possuem outro tipo de deficiência. 

De acordo com a plataforma, caso o eleitor não tenha feito previamente o cadastro eleitoral, é possível informar ao coordenador de acessibilidade as limitações, para as soluções imediatas na seção de votação. 

Para mais informações de acessibilidade nas Eleições 2022. Confira o link do TRE.

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