Por que Requião não é uma ameaça?
Nas rodas de discussão política, tanto em Curitiba quanto no interior, uma pergunta tem acalorado os debates: “o ex-governador e ex-senador Roberto Requião, agora filiado ao PT, teria chances de ameaçar a reeleição do atual mandatário, Ratinho Junior (PSD)?” Uns puxam pesquisas daqui, outros de acolá, algumas registradas e outras apócrifas, mas no final do debate a dúvida permanece, afinal Requião já teve sucesso em cinco pleitos majoritários estaduais, dois para o senado e três ao governo. Com toda certeza tem seu nome gravado na história política do Paraná.
Pesquisas não devem faltar para acalorar ainda mais esta discussão é quanto mais nos aproximamos de outubro maior é a quantidade delas que irá estabelecer a força ou a fraqueza de um determinado candidato. Conforme os cenários, os simpatizantes deste ou de outro candidato celebram os números ou apontam os dados como mentirosos, ou seja, o critério na grande maioria dos casos para confiar ou não em uma pesquisa costuma ser se ela me agrada ou não.
Olhando apenas para o último levantamento apresentado pelo instituto Paraná Pesquisa que aponta, no melhor cenário, uma intenção de votos para Requião de 25,8%. Descontando os que responderam nenhum (12,5%) ou os que não sabem (6,1%) poderíamos estimar que o número de votos válidos poderia girar perto dos 31,7%, percentual ligeiramente maior do que aquele alcançando em 2014 (27,56%) quando disputou com Beto Richa e ficou em segundo lugar. Lembrando que as pesquisas daquele pleito, tanto do Datafolha quanto do Ibope, indicam intenções de votos acima dos 30%.
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Então ao invés de apenas olhar para as pesquisas eu optei por olhar a trajetória política de Requião na disputa de cargos majoritários e tentar entender como está a tendência de suas votações, veja o quadro abaixo:
Entre as dez mesorregiões paranaenses, três regiões agregam constantemente a maior votação de Requião nas eleições disputadas e, em média, 60% dos votos totais recebidos desde 1998. No entanto, entre as eleições de 2010 e 2014, as três apresentaram perda de votos. A MC demonstrou uma perda de 66.234 votos, o NCP perdeu 214.627 votos e o OP 174.515. Entre as eleições de 2014 e 2018, as regiões NCP e OP apresentaram estabilidade enquanto a MC continuou a cair, perdendo 212.145 votos. Esse é o principal movimento (queda) registrado no gráfico acima.
Olhando para os números, a única conclusão que podemos chegar é que Requião não apresenta riscos concretos para Ratinho Jr.. Suas eventuais chances estão mais ligadas a fatores externos, alguma eventual crise no governo ou ainda uma onda petista, duas situações que parecem improváveis no momento.