Biólogas brasileiras descobrem que cobra-papagaio se alimenta de aves
Duas pesquisadoras brasileiras do Museu Biológico do Parque da Ciência Butantan confirmaram que a cobra-papagaio se alimenta de aves. Há décadas, biólogos investigavam se elas fazem parte da dieta da jiboia-esmeralda da Bacia Amazônica, da espécie Corallus Batesii.
Em artigo na revista “Herpetology Notes“, as cientistas Silvia Cardoso e Circe Albuquerque comprovam a tese. Tudo começou em dezembro de 2023, quando o Butantan recebeu uma cobra-papagaio que o Ibama resgatou. Aliás, logo a cobra chamou atenção das biólogas.
“A serpente passou dois meses sem se alimentar e, quando defecou, notamos a presença de penas nas fezes. Isso mostra como observar o material biológico do animal e prestar atenção pode ajudar a obter respostas sobre sua biologia”, contou Cardoso.
Porém, não foi possível identificar a espécie de ave que a serpente comeu, já que o alimento já estava bem degradado devido à digestão. O estudo aponta que a ingestão deve ter acontecido antes da captura ilegal e do resgate.
A cobra-papagaio tem características físicas para capturar presas volumosas. Esse animal tem a cabeça avantajada e dentes finos curvados para trás. Além disso, vive no topo das árvores. Essas serpentes são oportunistas e se alimentam de lagartos e pequenos mamíferos que passam por elas, mas ainda faltava confirmar essa outra parte da dieta dessas cobras.
Segundo o Instituto Butantan, quase todas as espécies desse gênero tinham registro de presença de aves na dieta, exceto a C. batesii e a C. Caninus, que vivem na floresta amazônica. No entanto, agora, a primeira também tem confirmação.
Reconhecimento internacional
De acordo com o Butatan, a pesquisa chamou a atenção de um dos maiores pesquisadores da espécie. O pesquisador Robert W. Henderson, curador da coleção herpetológica do Museu Público de Milwaukee, nos EUA, parabenizou as biólogas.
As brasileiras ficaram emocionadas com o reconhecimento do pesquisador, que é uma referência para elas.
“Foi uma surpresa muito boa. O nosso papel como cientistas é produzir conhecimento, e o que me encanta é que estamos sempre aprendendo. Saber que contribuímos para o conhecimento científico é muito gratificante”, ressalta Albuquerque.