Fernanda Richa é denunciada por lavagem de dinheiro pelo MPF

Beto Richa e Fernanda se tornam réus por lavagem de dinheiro (FOTO: REPRODUÇÃO/INSTAGRAM)

A esposa do ex-governador do Paraná foi incluída em uma denúncia que apura irregularidades ocorridas nos contratos de pedágio do estado

Fernanda Richa, esposa do ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB), foi denunciada por lavagem de dinheiro na compra de um terreno de luxo, no processo que apura irregularidades ocorridas nos contratos de pedágio do estado. O pedido de inclusão do nome da ex-primeira dama na denúncia foi feito pela operação força-tarefa Lava Jato, do Ministério Público Federal (MPF), nesta segunda-feira (11).

No fim de janeiro, Beto, André Richa, um dos filhos do casal, e o contador da família Dirceu Pupo Ferreira já haviam sido denunciados por lavagem de dinheiro na compra do terreno. Na ocasião, o MPF afirmou que Fernanda não iria ser denunciada embora existissem indícios de sua participação, no entanto, agora, após outras análises, foi solicitada a inserção de seu nome na mesma ação. 

De acordo com o Ministério Público, a ex-primeira dama assumiu abertamente a atuação conjunta com seu marido no caso da compra do terreno, o que “contribuiu para fortalecer o quadro probatório” contra Fernanda. Ainda conforme os procuradores, entre as provas que apontam para a sua responsabilidade, estão e-mails trocados com Dirceu Pupo sobre os terrenos que foram dados como parte do pagamento na negociação que é objeto da denúncia. O MPF afirmou que nas mensagens Pupo informa a Fernanda que o valor de cada terreno era de aproximadamente R$ 500 mil. Contudo, pouco tempo depois, os lotes foram dados em negociação em que foi declarado valor abaixo do mercado (aproximadamente R$ 250 mil cada). Consta da denúncia que o subfaturamento foi utilizado como expediente para viabilizar a lavagem de dinheiro.

De acordo com uma planilha da empresa que vendeu o imóvel, uma diferença de R$ 930 mil foi entregue em dinheiro e “por fora” ao vendedor. Segundo a força-tarefa, o dinheiro é proveniente dos desvios descobertos na operação Integração.

Em nota, a defesa de Fernanda Richa afirmou que as acusações feitas contra ela e o filho são injustas e feitas para atingir o ex-governador. Leia na íntegra:

“O Ministério Público Federal acusou o próprio filho do ex-governador para atingi-lo. Após, o protesto de Fernanda, resolve acusá-la também. É evidente a situação de excesso de acusação e profunda injustiça. A defesa de Fernanda Richa confia no poder judiciário, que certamente saberá evitar que maiores prejuízos se produzam, pois não cometeu qualquer ilegalidade e refuta as acusações falsas criadas contra ela”.

Lavagem de dinheiro

Os procuradores da Lava Jato afirmaram que um dos destino de parte da corrupção recebida pelo ex-governador, era a incorporação de dinheiro ao patrimônio de familiares, com atos de lavagem de dinheiro na aquisição de imóveis.

De acordo com a acusação, em 2012, ano da compra dos terrenos, Ferreira, que era homem de confiança da família Richa, e André visitaram um terreno de 2 mil metros quadrados, anunciado por R$ 2 milhões. Após negociação, o vendedor aceitou como pagamento dois lotes de terrenos em Alphaville, avaliados na época em aproximadamente R$ 500 mil cada, pertencentes à família Richa, e mais R$ 930 mil pagos com dinheiro em espécie proveniente de propinas desembolsadas pelas concessionárias de pedágio e por outros esquemas de corrupção do governo Beto Richa. O dinheiro em espécie foi entregue por Ferreira no escritório da incorporadora.

Para ocultar a origem espúria dos valores pagos em espécie, os denunciados lavraram escritura pública de compra e venda ideologicamente falsa, simulando uma simples permuta do terreno de luxo com os lotes em Alphaville no valor de apenas R$ 500 mil, subfaturando o valor real da venda e ocultando a existência de pagamentos em dinheiro vivo.

Escrituras públicas de outros terrenos adquiridos na mesma época no mesmo condomínio fechado demonstraram que os valores declarados na escritura dos Richa estavam completamente fora de mercado. Consta da denúncia, por exemplo, que lotes vizinhos foram negociados por R$ 2,5 milhões e R$ 1,6 milhão. Pouco tempo depois o mesmo terreno foi vendido pela família Richa por R$ 3,2 milhões, o que demonstra o crime de lavagem de dinheiro na aquisição do imóvel.

O imóvel foi colocado em nome da Ocaporã Administradora de Bens, que formalmente estava no nome de Fernanda Richa e seus filhos, mas e-mails apreendidos durante a investigação comprovaram que o ex-governador tinha a palavra final sobre as atividades da empresa relacionadas à compra e venda de imóvel, incluindo os terrenos em Alphaville. As mensagens e a assunção de responsabilidade na referida petição da defesa demonstram também que Fernanda Richa atuava com ele nas transações, merecendo ter sua responsabilidade avaliada no processo, perante o Judiciário.

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Ex-governador denunciado por corrupção em pedágios

No dia 28 de janeiro, Beto Richa e outras 32 pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público Federal (MPF) à Justiça por corrupção nos contratos de pedágios do Paraná. Entre eles, está Pepe Richa, irmão de Beto, e seis ex-presidentes de empresas concessionárias. As investigações fazem parte da 58ª fase da Operação Lava Jato.

Richa é acusado de corrupção passiva e de fazer parte de uma organização criminosa em um esquema de propina em contratos de concessão de pedágios.

12 fev 2019, às 00h00.
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