Passando por tratamento, cascavelense faz ensaio fotográfico careca para incentivar mulheres com câncer
“Vou ajudar as mulheres, o que importa é a cura e não a careca. A carequinha representa uma batalha vencida, e que se Deus quiser vou vencer.”
A autora desta frase é a engenheira agrônoma, Gleisiele Vieira, de 24 anos. Moradora de Cascavel, na região Oeste do Paraná ela fez um ensaio fotográfico para incentivar mulheres que estão passando pelo tratamento contra o câncer.
A ideia veio após a confirmação de um linfoma (Câncer do sistema linfático) localizado na região do ovário.
Atualmente Gleisiele faz sessões de quimioterapia no Ceonc (Centro de Oncologia de Cascavel), e em contato com outras mulheres que passam pelo mesmo tratamento, ela percebeu o quanto algumas delas sofrem ao perceber a queda dos cabelos.
“Muitas têm vergonha de raspar a cabeça, mesmo tendo poucos fios. Infelizmente ainda há muito preconceito em nossa sociedade, quando estamos carecas de peruca ou de lenços na cabeça, as pessoas olham diferente, como se houvesse julgamento”,
comenta a engenheira agrônoma.
Por esse motivo, ela resolveu fazer um ensaio fotográfico com a cabeça raspada. Algumas das fotos foram registradas com peruca, que ela comprou no intuito de imitar o cabelo de que ela tinha antes de começar as quimioterapias.
“Durante o tratamento o coro cabeludo começa doer, os bulbos capilares começam a inflamar e percebi que era melhor eu cortar de uma vez, assim a dor era menor”,
afirma Gleisiele.
Além do ensaio, a cascavelense compartilha a rotina do tratamento em suas páginas pessoais na internet, assim informa as mulheres e também compartilha informações.
A descoberta
Gleisiele é uma mulher muito ativa, pratica exercícios físicos, luta muay thai. Alegre, sempre pronta para fazer uma brincadeira, ou contar uma piada, quando soube do resultado do exame se derramou em lágrimas.
“Anualmente sempre faço exames de rotina e foi em um deles que descobri o linfoma. No fim do ano passado comecei a sentir fortes dores na região das costas, tive febre e dor no peito, até pensei que podia ter contraído a Covid-19, fiz exames, mas o resultado foi negativo. As dores aumentaram e minha região pélvica começou a inchar, pensei que estava grávida, mas fiz quatro exames e todos testaram negativos.”
salienta Gleisiele.
Gleisiele tem o sonho de ser mãe e a noticia que um dos seus ovários estava prejudicado a deixou desesperada. Após exames, no mês de janeiro ela foi operada e tirou o ovário direito. A avaliação médica a deixou esperançosa, já que o outro ovário não foi prejudicado, tendo assim a possibilidade de passar por uma gestação.
“Eu falava, Deus eu entendo seu propósito, eu sei que não cai uma folha de uma árvore sem ser da sua vontade, então se for para ser um aprendizado eu entendo, mas meu sonho é ser mãe”,
contou.
Após a biopsia e consulta com um hematologista, ela descobriu que possui linfomas em pontos localizados – dois na região do tórax e três no abdômen.
“Em nenhum momento eu perdi a fé. Eu sempre falava, Deus seja feita a sua vontade, eu sei que você já mais vai me abandonar.”
E foi com esse pensamento que ela iniciou as quimioterapias. O tratamento vai auxiliar para os outros pontos espalhados pelo corpo também sejam eliminados, atualmente ela está na terceira sessão de 21.
Sobre o câncer do sistema linfático
O tumor que se estabelece no sistema linfático é denominado de linfoma, um tipo de câncer em que as células do sistema linfático, que fazem parte da nossa defesa e deveriam estar para proteger das infecções, se modificam. Elas sofrem uma mutação, se tornando células que não têm mais o papel de desenvolver a imunidade, e produzem outras iguais, doentes e malignas.
Segundo a médica hematologista, Meide Daniele Urnau, essas células crescem de uma forma rápida e descontrolada, contaminando, o sistema linfático.
“Neste diagnostico, o paciente começa a ter principalmente o aumento das ínguas, ou linfonodos, que é mais percebido no pescoço, axilas, ou região da virilha. Há também as ínguas no sistema interior do corpo, chamadas de ínguas internas, principalmente no peito e na barriga, que podem também estar bastante aumentada neste tipo de tumor, que se chama linfoma”,
explica Meide.
O linfoma pode ser divido em dois grandes grupos, o linfoma Hodgkin e não Hodgkin. Dentro destes dois grandes grupos ainda existem outras classificações, como explica a hematologista Meide.
“O Linfoma de Hodgkin é mais frequente em dois picos de idade, em jovens em torno dos 20 anos e no segundo pico em torno dos 50 anos. Já o não Hodgkin é mais frequente em pessoas com mais idade, mas também pode acontecer em pessoas jovens,”
relata a médica.
Prevenção
Para prevenção do linfoma, não há medidas específicas, como existe para alguns tipo de tumores, como por exemplo, o preventivo para o câncer de colo de útero e mamografia para o câncer de mama.
No entanto a Hematologista Meide alerta que há algumas atitudes que podem ajudar a prevenir qualquer câncer
“A alimentação saudável e a prática regular de exercícios são algumas das atitudes diárias que podem auxiliar para o não surgimento do câncer. Não fumar e não ingerir bebidas alcoólicas também estão na lista.”
Ao contrário de câncer de mama, que tem alta taxa de hereditariedade, o câncer de linfoma á mais raro. No entanto podem acontecer casos na mesma família.