PF faz busca e apreensão contra aliados de Bolsonaro; dois são do Paraná
BRASÍLIA/SÃO PAULO (Reuters) – A Polícia Federal cumpre nesta quarta-feira mandados de busca e apreensão contra aliados e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro no âmbito do inquérito que apura ataques e notícias falsas contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), e entre os alvos da operação estão o deputado estadual paulista Douglas Garcia (PSL), o ex-deputado federal e presidente do PTB, Roberto Jefferson, e o empresário Luciano Hang, dono das Lojas Havan.
“Acabo de receber a notícia pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo que o meu gabinete está recebendo a visita da Polícia Federal”, afirmou Garcia em vídeo publicado no Twitter.
“De acordo com tuíte divulgado pela própria Polícia Federal estamos sendo investigados por ataques, crimes, alguma coisa relacionada aí a críticas aos ministros do Supremo Tribunal Federal. Ora, eu sou deputado, eu fui feito para parlar, eu sou parlamentar através da minha prerrogativa que a Constituição me dá. Em opiniões e palavras de voz, eu posso criticar quem eu quiser”, afirmou ele, que disse que a operação desta quarta-feira apequena a PF.
Em transmissão ao vivo no Facebook, Hang disse que foi alvo de mandados nesta quarta em sua casa e em seu escritório e que seu telefone celular e seu computador pessoal foram apreendidos pelos agentes. O empresário disse ainda que a investigação vai provar que ele não produziu notícias falsas contra ministros do STF.
“Jamais atentei ou fiz fake news contra o STF”, disse.
Um representante de Jefferson disse que ele deverá se manifestar por meio de nota ainda nesta quarta-feira.
De acordo com as fontes, blogueiros bolsonaristas e integrantes do Movimento dos 300, grupo com inspiração militar criado para apoiar o presidente, também foram alvos.
A PF disse que está cumprindo 29 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso, Paraná e Santa Catarina.
Alvos da operação da PF contra fake news:
- Luciano Hang, empresário (SC)
- Roberto Jefferson, ex-deputado federal (RJ)
- Bernardo Kuster (PR)
- Eduardo Fabris Portella (PR)
- Allan dos Santos, blogueiro (DF)
- Sara Winter, blogueira (DF)
- Winston Lima, blogueiro (DF)
- Edgard Corona, empresário (SP)
- Edson Pires Salomão (SP)
- Enzo Leonardo Suzi (SP)
- Marcos Bellizia (SP)
- Otavio Fakhoury (SP)
- Rafael Moreno (SP)
- Rodrigo Barbosa Ribeiro (SP)
- Paulo Gonçalves Bezerra (RJ)
- Reynaldo Bianchi Júnior (RJ)
- Marcelo Stachin (MT)
Inquérito foi aberto em 2019
As diligências foram determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, que preside o inquérito, aberto pelo presidente da corte, Dias Toffoli, em março do ano passado para apurar notícias falsas e ameaças contra ministros do tribunal. A abertura do inquérito por iniciativa de Toffoli foi alvo de críticas, já que o comum é que inquéritos sejam abertos pelo Judiciário atendendo a pedidos de outros órgãos.
A assessoria de imprensa do Supremo informou não ter informações sobre os mandados desta quarta-feira e lembrou que o inquérito corre sob sigilo de Justiça.