Vacina contra coronavírus pode chegar a 20% da população em 2021, segundo OMS

por Thamany
da equipe de estágio RIC Mais, sob supervisão de Larissa Ilaídes
Publicado em 13 ago 2020, às 12h22. Atualizado em: 21 ago 2020 às 02h04.

A vice-diretora geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Mariângela Batista Galvão Simão, disse nesta quarta-feira (12) aos deputados da Frente Parlamentar do Coronavírus, que a vacina contra o coronavírus, ainda em fase de testes, é estimada para 20% da população até 2021. A vice-diretora ressaltou que ainda são necessários muitos passos para se chegar a uma vacina eficaz, já que mesmo após a sua comprovação, a produção em massa para imunização geral não será tarefa fácil ou rápida.

“Sobre a previsão de vacinação em massa, uma coisa é certa, vai ser um quantitativo pequeno de vacinas. Até final do ano, esperamos que se tenha até dois milhões de doses” afirmou a médica curitibana responsável na OMS pela área de acesso a medicamentos, vacinas e produtos farmacêuticos.

Mariângela Simão afirma que, neste caso, as populações de maior risco devem ter prioridade na distribuição.

“Toda vida tem valor igual, mas temos que ver que aqueles na linha de frente vão ter que ser protegidos primeiro. Além de proteger o sistema de saúde, também vacinar as pessoas que têm maior risco de morrer que são pessoas acima de 65 anos ou pessoas que têm alguma doença crônica.” explica.

De 160 candidatos à vacina contra coronavírus, 140 estão na fase pré-clínica, ou seja, estão na fase de pesquisa de laboratório em animais, onde testa-se o produto para averiguar se há uma reação epidemiológica. 

Testes irão comprovar a eficácia da vacina contra coronavírus

Mariângela Simão adianta que na fase 3, quando se testa em milhares de pessoas, é que se comprova a segurança e a efetividade de uma vacina. Nesta fase, é realizado um grupo-controle, onde tem pessoas que recebe a vacina e outras que recebem placebo para poder realizar uma comparação.

Ainda existe uma fase 4, que é a fase da farmacovigilância, pois quando um produto ultrapassa 10 mil aplicações, é esperado que apareça os efeitos colaterais, que devem ser devidamente registradas as taxas de ocorrência, presentes na maioria das bulas de medicamentos.

“Quando se aplica 100 milhões de vacinas, vão aparecer efeitos colaterais que não apareceram nos primeiros 10 mil.” exemplifica a doutora.

A vice-diretora ressalta as inúmeras incertezas em relação aos candidatos de vacinas, pois estar na fase avançada dos ensaios clínicos não garante que ela irá funcionar.

“Mesmo depois de encontrarmos uma vacina eficaz e segura na fase 3, teremos outras questões. Nem todas as vacinas servem para todos os grupos, algumas não funcionam bem em pessoas acima de 65 anos por conta da resposta imunológica menor. Elas também não são testadas em mulheres gestantes.” explica a médica. 

De acordo com Mariângela Simão, após encontrar uma vacina eficaz e segura começam outros desafios como garantir o acesso equitativo universal entre todos os países.

“Isso é um desafio, pois uma grande parte desses candidatos de vacina estão comprometidos por acordos bilaterais. Os EUA, por exemplo, assinou com dez produtores de vacina, comprando adiantado esses candidatos que ainda não foram comprovados, comprometendo metade do mercado. A União Européia fazendo um sistema de compras semelhante. Enquanto isso nós da OMS, junto com Iniciativa Global de Vacinas (GVAP) que tenta dar acesso global aos países que aderirem como o Brasil.” ressalta.

Critérios da vacinação não devem ter prioridades por classe econômica

A vice-diretora ressalta a necessidade de estabelecer critérios de vacinação, em relação aos agentes de saúde, idosos e pessoas de doenças crônicas de todos os países de forma equitativa, sem prioridade entre país rico ou pobre. Segundo a doutora, isso será necessário durante o período inicial da produção de uma vacina certificada pelas dificuldades impostas à produção de uma vacina em escala planetária habitada por bilhões de pessoas.

O coordenador do colegiado, deputado Michele Caputo (PSDB) disse que o propósito da frente é colocar todos os impactos sanitários e socioeconômicas para debate. “Temos deputados com projetos e o por exemplo, eu acolhi um pedido da enfermagem sobre a questão do repouso nos hospitais parece que vai entrar em pauta semana que vem”, disse.

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