Homem que raspou cabelo de mulher quis atacar autoestima da vítima, explica advogada
Os crimes de violência contra a mulher, em Cascavel, no Oeste do Paraná, repercutiram em todo o país. Durante o fim de semana, uma mulher foi agredida pelo companheiro, outra vítima teve o cabelo raspado e outra mulher foi morta ao buscar o filho na casa de seu ex-companheiro, pai da criança.
Segundo a advogada Sylvia Cristina no caso em que a mulher teve o cabelo raspado pelo companheiro, a principal conduta do acusado foi humilhar a vítima.
“A gente percebe que a intenção era humilhar a vítima, fazer ela se sentir menos atraente, era uma forma de atacar a autoestima dela. Então dependendo da situação pode configurar ou lesão corporal ou uma injúria real, que é quando você tenta diminuir ou humilhar a pessoa, pra isso se utiliza de uma forma de violência.”
Sylvia Cristina – advogada
Segundo repassado pela equipe da Polícia Militar, que atendeu a situação, o homem se trancou dentro da residência onde aconteceu o fato e também impossibilitou a saída dos policiais.
“Ele se fechou dentro de casa, e quando os militares entraram na residência, também foram trancados pelo autor. Foi necessário acionamento de mais policiais. Cerca de 10 militares estiveram no local, mas o homem conseguiu fugir.
Diego Astori – Capitão da PM
Mesmo diante do aparato policial, o homem conseguiu fugir e está sendo procurado. A vítima retirou os pertences do local e procurou abrigo na casa de parentes. O casal estava junto há 4 anos e tinha contrato de união estável. Segundo Astori, ele pode responder por lesão corporal gravíssima.
“A questão do cabelo raspado, a jurisprudência tem um entendimento que pode pode se configurar uma lesão corporal gravíssima, por conta do dano estético. Esperamos que seja analisada de uma forma bem severa e gravosa esse autor, que ele fique preso, com essa medida protetiva, inclusive porque dizem que é um figurão da cidade.”
Diego Astori – Capitão da PM
Outro caso que repercutiu na cidade, foi de uma mulher que foi morta ao chegar na casa de seu ex-companheiro para buscar o filho. Após uma discussão, Alana Beatriz Gonçalves de Brito Ferreira, de 28 anos, foi baleada na região das costelas. Ela chegou a ser socorrida, mas morreu.
Para a delegada da Mulher de Cascavel, Bárbara Strapasson, cada crime é analisado em todo seu contexto.
“A investigação estará sempre inserida dentro de um contexto do que aconteceu, para ao final nós termos uma conclusão da tipicidade do crime.”
Bárbara Strapasson – Delegada da Mulher
Em outro caso, uma mulher de 17 anos foi agredida pelo companheiro de 19 anos. O rapaz foi preso e encaminhado para a Delegacia de Polícia Civil.
Segundo consta em Boletim de Ocorrência, a vítima relatou aos policiais que seu companheiro chegou em casa embriagado e começou a lhe agredir com socos e chutes. A jovem conseguiu fugir e pedir ajuda na casa da irmã, que fica nas proximidades.
“É sempre importante ressaltar que a violência não é só aquela física, agressões verbais, ameaças já são crimes e tem previsão na lei. A sociedade sim, pode estar fazendo a denúncia.”
Bárbara Strapasson – Delegada da Mulher
A maioria dos casos de agressão contra mulher está ligado ao sentimento de posse e ciúme, situação que segundo Bárbara, deve parar de ser romantizada pela sociedade.
“O ciúme está sempre presente, diversas situações de violência. Infelizmente a sociedade romantiza. A sociedade tem que parar de romantizar, acha que é bonito é interessante, que o homem está defendendo, quando na verdade é um sentimento passional que pode levar a uma situação extrema.”
Bárbara Strapasson – Delegada da Mulher
“Se a situação acabou de ocorrer, se o agressor está ali, ou a mulher está machucada dentro de casa, não precisa ir na delegacia, chame a Polícia Militar, o crime ainda está em flagrante delito, ligue para o 190.”
Sylvia Cristina – advogada