Vítima de médico paranaense denuncia violência durante parto: "parecia que estava me partindo no meio"
Após afastamento do médico que atuava na área de obstetrícia do Hospital Regional do Norte Pioneiro, em Santo Antônio da Platina, norte do Paraná, uma das vítimas concedeu entrevista e fez relatos sobre sua experiência. Ela, que prefere não se identificar, disse que foi forçada a fazer um parto normal, mesmo com recomendação de cesárea.
“Na hora do meu filho nascer, eu nem fui levada ao centro cirúrgico. Ele nasceu na cama, no quarto junto a outras mulheres”,
conta.
- Confira: Médico paranaense é afastado suspeito de violência obstétrica: ‘verdadeiro filme de terror’
A mulher é uma das 24 testemunhas ouvidas na denúncia feita pelo Ministério Público do Paraná (MPPR). O médico chegou a empurrar a barriga dela para que a criança nascesse.
“Ele pegou, ele puxou a minha barriga para baixo […]. Ele mandou uma enfermeira vir, colocar o cotovelo em cima da minha barriga, perto do estômago, e empurrar para baixo para o bebê nascer”,
relata.
Na época, a mulher tinha 19 anos. Conforme a entrevista concedida, ela tremia, pedia para que as violências parassem, foi suturada sem anestesia e teve a placenta puxada à força. Ela também foi agredida verbalmente pelo médico.
“Ele foi muito estúpido a todo momento. Eu nunca fui tratada bem por ele. […] lá no momento, reclamei de dor porque, como eu já estava fraca, a enfermeira empurrando minha barriga, ele puxando o neném, foi tudo muito forçado. Não foi nada natural, foi forçado. Eu reclamei, disse que parecia que estava me partindo no meio […]. Ele falou para mim bem assim, ‘na hora de fazer, não doeu, né? Mas agora essa criança tem que nascer’“,
lembra.
Nas redes sociais, outras mulheres relataram situações semelhantes durante atendimentos com o mesmo médico. Ele tem 18 anos de profissão e não possui permissão para atuar na obstetrícia, conforme pesquisa feita no Conselho Regional de Medicina (CRM). O MPPR classifica o caso como “um verdadeiro filme de terror”.
Afastamento
O afastamento aconteceu após solicitação do MPPR, por ação civil pública ajuizada pelo Grupo Especializado na Proteção ao Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa (Gepatria), e decisão judicial liminar.
A princípio, em 2021, o Gepatria expediu recomendação administrativa orientando para que o profissional de saúde fosse dispensado, já que haviam indícios de contratação irregular. Depois que a informação foi divulgada, as testemunhas se manifestaram.
A reportagem aguarda retorno da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná sobre o caso e tenta contato com a defesa do acusado.