Após os recentes casos de abuso sexual infantil no Estado – três envolvendo meninas grávidas e um em que uma mulher teria obrigado a enteada a se relacionar com um familiar de 29 anos –, o Portal RIC Mais conversou com o coordenador da Comissão de Psicologia Escolar do Conselho Regional de Psicologia do Paraná, o psicólogo Nelson Fernandes Junior, para saber como identificar quando uma criança está sofrendo este tipo de violência.
O profissional explica que é preciso ficar atento a qualquer alteração comportamental do menor. “Muitas vezes a criança fica mais deprimida, com falta de apetite e mais quieta. Na escola, é possível notar certo distanciamento do grupo na qual ela está inserida”, afirma o psicólogo.
Ele também destaca a importância dos reponsáveis reforçarem os laços de confiança com a criança, para que ela se sinta à vontade de relatar qualquer situação em que se sinta violentada ou em risco. “É preciso se mostrar disponível e ser acolhedor, sem ficar inquirindo”, diz o especialista.
Quem protege o menor?
Em um dos casos noticiados na última semana, uma menina de 11 anos foi abusada por seu tutor, e a esposa do estuprador colocou a culpa na vítima. O psicólogo entrevistado pelo RIC Mais, que realiza muitos psicodiagnósticos com crianças abusadas, explica que culpabilizar a vítima é algo muito recorrente nestes casos, principalmente quando o agressor está dentro da família.
De acordo com o psicólogo, entre as motivações para este tipo de comportamento está a submissão de gênero, na qual a autoridade masculina se impõe sobre as mulheres da casa, que acabam acobertando os abusos por medo de perder o companheiro e desestruturar a família. Algo muito comum para que estas mães sejam coniventes são os ciclos de violência. “Uma mulher que foi agredida ou sofreu abuso na infância tende a permitir que isso aconteça com sua filha também”, explica Nelson.
Desvios psicológicos também podem estar envolvidos nas situações de violência contra a criança. “Disputa entre mãe e filha, característica da patologia perversa, ou necessidade de expor alguém a uma situação ruim, no caso da sociopatia, estão presentes em muitos desses casos”, afirma o profissional, que também avalia que a existência de segredos familiares acerca de violência infantil também são reflexo da vergonha de fracassar nos cuidados com o menor e do medo da exposição.
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