Violência em postos de combustíveis assusta trabalhadores: “Medo de morrer”
Em um ano, Curitiba e região registrou 13 casos de violência contra trabalhadores de postos de combustíveis: “A categoria está amedrontada”
Os casos de violência em postos de combustíveis assustam funcionários e usuários de Curitiba e região metropolitana. Conforme levantamento do Sindicato dos Empregados em Postos de Serviços de Combustíveis e Derivados de Petróleo e Lojas de Conveniências em Postos de Curitiba, Região Metropolitana e Litoral (Sinpospetro), foram 13 casos registrados nos últimos 12 meses.
Os casos envolvem agressões contra frentistas, ameaças contra funcionários de lojas de conveniência e até homicídios em postos de combustíveis. O mais recente aconteceu na manhã do último domingo (28), quando o frentista Felipe Moreira da Silva, de 27 anos, foi ameaçado, agredido e morto com dois tiros nas costas.
Em um vídeo divulgado nesta quarta-feira (31), pela Polícia Civil do Paraná (PCPR), é possível ver o momento em que Felipe é baleado, no posto de combustível localizado no bairro São Francisco, em Curitiba. O caso gerou indignação do sindicato e de representantes dos trabalhadores.
“A gente está aqui para cobrar das autoridades uma agilidade disso, uma resposta para a sociedade. Que cumpram o dever. Uma resposta para a categoria que está amedrontada de trabalhar a noite, medo de morrer”, declarou o advogado do Sinpospetro.
O presidente do sindicato também explanou revolta diante dos constantes casos e da falta de segurança para os trabalhadores. “Nós temos um protocolo de segurança onde trazemos orientação para os trabalhadores dentro dos postos de combustíveis, feito juntamente com o sindicato do poder econômico. Queremos dar um basta na violência contra trabalhadores em postos de combustíveis. A gente trabalha com medo, a gente quer segurança. Dentro do posto de combustíveis também têm as famílias que frequentam”, desabafou Lairson Sena de Souza.
Violência em postos de combustíveis, qual a solução?
Os casos de violência em postos de combustíveis fazem parte da rotina dos noticiários. Somente em 2024, Curitiba registrou seis casos com agressões contra trabalhadores da categoria. Para o especialista em segurança pública Akanon Souza, a morte do frentista Felipe expõe deficiência da sociedade.
“As questões da violência e da criminalidade estão muito enraizadas na nossa sociabilidade. Esse caso é um exemplo muito bom para pensar a necessidade de outras políticas públicas que produzam efeito de segurança”, comentou Akanon Souza.
Para o especialista, é possível sim reverter o caso e oferecer mais segurança não apenas para funcionários de postos de combustíveis, mas sim para toda a sociedade.
“É possível mudar a sociedade, desde que o nosso cálculo sobre políticas públicas não sejam sobre políticas de segurança pública. Porque a política de segurança pública na nossa mentalidade, e de quase sempre dos governos, está associada a pocialização, a usar arma, viatura, ou seja, conter o crime quando ele está acontecendo. É financeiramente mais viável, inclusive, as políticas públicas que produzam um efeito de segurança”, completou Kruger.
Reunião entre governo e sindicato
Nesta semana, após a morte do frentista Felipe, o presidente do sindicato Sinpospetro comunicou sobre a necessidade de uma conversa com o governo estadual sobre os recorrentes casos de violência em postos de combustíveis. O encontro será realizado nesta quarta-feira (31), com a presença do secretário da Segurança Pública do Estado, Hudson Leôncio Teixeira.
A audiência na sede da secretaria deve debater medidas para aumentar a segurança para funcionários da categoria e reduzir o medo dos trabalhadores. O indivíduo que disparou contra Felipe no último domingo (28), já foi identificado pela PCPR, mas ainda não foi preso.
Protocolo de segurança para funcionários de postos de combustíveis
Em março deste ano, após casos de violência contra funcionários de postos de combustíveis, o Sinpospetro lançou uma campanha para orientar os trabalhadores. A direção organizou um protocolo de segurança, em caso de agressões físicas, verbais e casos de assédio, racismo e xenofobia nos locais de trabalho. Clique aqui e confira a cartilha.
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