Greve na Argentina pode deixar moinhos de trigo do Brasil em dificuldade, diz Abitrigo

Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) – As importações de trigo pelo Brasil estão em queda neste mês por efeito da greve de trabalhadores dos portos na Argentina, principal fornecedor do cereal ao país, e há preocupação relacionada à oferta para alguns moinhos, que podem ficar sem a matéria-prima da farinha, disse nesta segunda-feira o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) à Reuters.

Segundo Rubens Barbosa, a entidade estima que existem cerca de dez navios aguardando o fim da greve na Argentina para carregar trigo comprado pelo Brasil.

Depois de carregado, um navio que parte da Argentina leva quatro dias para chegar em solo brasileiro.

As atividades portuárias e de processamento de grãos da Argentina vêm sendo afetadas desde 9 de dezembro, quando dois sindicatos de trabalhadores e um de técnicos portuários iniciaram uma greve simultânea por reivindicações salariais.

“Com a greve, é claro que não está havendo embarque de trigo argentino para o Brasil. Os desembarques se reduziram. Continuamos preocupados com a continuação da greve”, afirmou Barbosa.

“Se a greve não terminar a curto prazo alguns moinhos no sul e centro-sul vão ter dificuldade para produção de farinha”, acrescentou ele.

Até a quarta semana deste mês, as importações de trigo e centeio não moídos pelo Brasil haviam atingido cerca de 237 mil toneladas, ante 650 mil toneladas em dezembro completo de 2019, segundo os dados do Ministério da Economia divulgados nesta segunda-feira.

O ministério não separa trigo e centeio, mas o trigo representa a quase totalidade do volume.

28 dez 2020, às 18h54. Atualizado às 18h55.
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