Moinhos do Brasil são contra trigo transgênico argentino, diz executivo da Bunge

Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) – Os moinhos de trigo do Brasil são contrários à adoção de um cereal transgênico recentemente aprovado na Argentina, uma vez que o produto é destinado à alimentação humana e o grão geneticamente modificado ainda enfrenta restrições para uso direto pelos consumidores, disse o principal executivo do Negócio Trigo da Bunge no Brasil.

“A indústria moageira é contra o trigo transgênico por uma questão muito simples: vai direto para o consumo humano”, declarou Edson Csipai, durante congresso realizado pela associação do setor Abitrigo.

Csipai, um dos executivos mais experientes da indústria de trigo do Brasil, que comanda o segmento na empresa líder em moagem no país, comentou que as preocupações do setor envolvem restrições para o uso do cereal transgênico pela população.

Em outubro, pouco após a aprovação do trigo transgênico pela Argentina, representantes da indústria nacional indicaram solicitação ao governo brasileiro para a não liberação da comercialização no país da variedade transgênica do cereal.

Isso se baseou em uma sondagem que apontou que a grande maioria dos moinhos brasileiros é contrária ao uso de trigo geneticamente modificado.

Dependendo do ano, a Argentina é responsável pelo fornecimento de cerca de 60% do cereal que abastece o mercado brasileiro, sendo complementado pelo produto nacional e outras origens.

O governo argentino aprovou em outubro variedade transgênica de trigo HB4, da empresa de biotecnologia Bioceres, mas destacou que a comercialização do produto ficaria sujeita à autorização para importações pelo Brasil.

A variedade do cereal HB4 desenvolvida pela Bioceres e pela francesa Florimond Desprez confere tolerância à seca e tolerância ao herbicida glufosinato de amônio.

Diferentemente da soja e do milho, produtos que são processados para produção de ração animal e óleos, não há trigo transgênico aprovado para comercialização no mundo.

(Edição de Maria Pia Palermo)

25 nov 2020, às 13h52. Atualizado às 13h55.
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