Cuidadoras acusam idosa cadeirante e filho de assédio e trabalho escravo

por Rodrigo Sigmura
com informações de Lucian Picheti, da RICtv
Publicado em 18 fev 2022, às 13h53. Atualizado às 14h03.

Mulheres que atuaram como cuidadoras de uma idosa cadeirante de 67 anos acusam ela e seu filho de assédio moral, sexual, trabalho escravo e cárcere privado. Segundo o Balanço Geral Curitiba, eles chegaram a privar as vítimas de usarem o celular e fizeram ameaças.

“Na casa, não pode usar o celular. É proibido. A primeira casa é do filho, ele tranca o portão no cadeado, solta os cachorros. A segunda casa é dela, tem mais um cadeado, ele tranca também. A gente não consegue sair. Se a gente for sair, a gente dá de cara com os cachorros, que são bravos”, contou Cristiane Lima em entrevista para a RICtv.

(Foto: Reprodução/RICtv)

A cuidadora disse ao repórter Lucian Pichetti que foi contratada em 2020 para passar um fim de semana na casa da idosa e que receberia R$ 500 em um domingo. Os xingamentos começaram no sábado. “Ela começou com as humilhações, os insultos. Falou que eu não sabia fazer nada, que eu não prestava para ela”, relatou.

No dia seguinte, ela teria sido assediada sexualmente: “Se você quiser receber, conversa com o meu filho. É ele que faz os pagamentos para as meninas. Eu pedi para ele ‘tem como você me pagar? Aí eu vou embora’. Ele falou ‘não, se você quiser receber, vai ter que fazer outra coisa [relação sexual]'”. Cristiane não aceitou a condição, foi embora sem o dinheiro e decidiu não denunciar o caso para a polícia por medo.

“Ela falou que eles eram intocáveis, por ela ser militar ou alguém da família ser militar”, afirmou.

Em uma gravação, a cadeirante dispara: “Tente a sorte. Mais fácil você ir presa do que eu, minha querida”. O filho dela também ameaça: “Vou te meter um processo, você vai ter que vender seu corpo, vender sua alma para pagar esse processo. É ultimato, presta atenção. Chega de incomodar a minha mãe”, avisa.

Em 2018, outra cuidadora foi atraída pela oferta de emprego na casa da idosa. Aline Sholtz, que na época tinha 23 anos, receberia R$ 2,5 mil por mês para trabalhar de segunda a sexta-feira. No entanto, em apenas um dia de trabalho, ela decidiu fugir.

“Quando eu falei para ela que eu ia embora, ela não deixou. Ela começou a segurar meu braço e me puxar. Aí eu soltei, porque como ela é cadeirante, eu soltei dela. Ela pegou uma faca e falou que se eu fosse embora ela ia me furar”, alegou.

A jovem foi torturada e humilhada durante as nove horas em que permaneceu na casa. “Me maltratou, me xingou. Falou que eu era inútil, que eu era burra, irresponsável, que eu não sabia fazer nada. Eles fazem a gente passar fome, não deixam você comer. É muito difícil de falar”, lamenta.

Uma terceira vítima da dupla mandou mensagens para o WhatsApp da idosa e disse que iria denuncia-los à polícia. A senhora respondeu em áudios com diversões palavrões.

A reportagem da RICtv esteve na casa, em Curitiba, e conversou com vizinhos, que confirmaram saber da situação e disseram que a cadeirante já chegou a ser presa.

A denúncia feita pelas vítimas à polícia foi arquivada por falta de provas. A advogada Miriam Klahold orienta que as cuidadoras que foram alvos da senhora e seu filho, procurem o sindicato para que seja feita uma denúncia formal ao Ministério do Trabalho.

O anúncio da vaga continua ativo na internet.

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