Uma atividade distribuída aos alunos do 2º ano do Ensino Médio na rede pública do Paraná gerou críticas de pais e responsáveis. Segundo denunciantes, a lição da matéria de História incentiva o racismo e “obriga” estudantes a utilizarem expressões negativas à pessoas de pele negra.

A reportagem teve acesso ao exercício. Na questão, estudantes são apresentados a história do personagem Tintim, criado por Georges Prosper Remi em 1929. O texto introdutório chama-se “Tintim: Imperialismo e Darwinismo Social”.

O objetivo da atividade é explicar que o contexto da época e o momento social incentivavam o racismo e a segregação entre o branco e o negro. O autor reforça que a narrativa de Tintim tinha um caráter racista e que demonstrava que o europeu colonizador era tratado como inteligente e dominante, enquanto o africano colonizado era apresentado como ignorante e manipulado.

“Sabemos que essa foi realmente a ideologia do imperialismo durante o século XIX. A ideia de superioridade natural, baseada na adaptação das teorias de Darwin, reforçada pela tese da predestinação e do direito divino, fora apropriada pelo europeu, permeando toda a produção cultural daquele período”, diz parte da leitura obrigatória.

Logo na sequência, uma tirinha da época é apresentada com uma diferenciação na modelagem dos personagens brancos e dos personagens negros. Na história Tintin viaja para o Congo e os moradores locais falam de forma esteriotipada e tem traços mais ressaltados, como grandes lábios e aparência caricata.

Após a leitura do texto introdutório e da tirinha, os alunos precisam responder 6 questões. A 1ª foi a que causou polêmica entre os próprios estudantes e responsáveis.

“De que maneira o negro africano é retratado nessas imagens, como são suas feições, seu nível intelectual, seu comportamento diante o homem europeu branco, entre outros?”, questiona a lição.

Segundo pais ouvidos pela reportagem essa pergunta “obriga” o estudante a escrever coisas como “o negro é tratado como burro e tem feição de macaco”. Os denunciantes chegaram a ressaltar que os próprios filhos sentiram desconforto e optaram por não responder essa etapa da atividade porque acharam que qualquer resposta escrita seria uma resposta ruim.

Procurada, a Secretaria de Educação do Paraná rebateu as críticas e divulgou uma nota afirmando que a lição foi estrutura de forma contextual e crítica.

Leia a nota na íntegra:

A atividade proposta no componente curricular de História, da 2ª série do Ensino Médio do Colégio Estadual Professor Francisco Zardo, em Curitiba, intitulada “Tintim: Imperialismo e Darwinismo Social” estrutura-se de forma contextual e crítica, possibilitando aos estudantes desenvolver o previsto na Competência 6 da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que prevê “a valorização e diversidade dos saberes e vivências culturais para entender e fazer escolhas alinhadas à cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade”.

Diante dos questionamentos levantados, esclarece-se que a atividade foi proposta como ferramenta de reflexão sobre questões raciais presentes na sociedade brasileira e no mundo, tendo em vista a conscientização e exame crítico dos estereótipos raciais, estimulando – em sala de aula – discussões sobre questões importantes relacionadas à diversidade e à justiça social desde o período colonial.

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4 abr 2024, às 18h51. Atualizado às 19h26.
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