A pandemia do novo coronavírus, que nem o chamamos mais de novo, pois já estamos no ano um (01) da pandemia, teve seu primeiro caso confirmado no Brasil no dia 26 de fevereiro de 2020, em São Paulo. Estávamos em ritmo de carnaval, nossa última aglomeração festiva até o dia de hoje.

Era 31 de dezembro de 2019 e o mundo estava se preparando para a virada do ano quando um escritório da Organização Mundial de Saúde (OMS) recebeu do governo chinês o aviso de que uma nova forma de pneumonia havia surgido na cidade de Wuhan provocada por nova cepa de coronavírus, o causador da síndrome respiratória aguda grave 2 (Sars-CoV-2). A covid-19 havia começado a se espalhar.

De lá para cá, você sabe todos acontecimentos, e é protagonista dessa história. Nessa narrativa, já vivemos todos os gêneros do cinema.

Até chegar aqui, perdemos muito, uns mais que outros, mas todos com perda, a partir do isolamento social.

Estamos acostumados a ter escolhas, ser livres, estar com amigos – ter a falsa sensação de controle das coisas. Agora, nos vemos sem nem ao menos poder imaginar como será a próxima hora, total fora dos trilhos. Trilhos esse, da montanha-russa que está nosso emocional.

É inevitável ter chego até o presente momento sem nem ao menos um arranhão no emocional. Já tive dias de completo desânimo, entregue a cama por conta da mesmice dos dias. E cada um carrega sua dor diante dos mais variados “desacontecimentos” por conta da pandemia.

Aprendi muito sobre resiliência com um grande amigo – que com tudo certo para assumir o emprego que tanto almejava em Portugal, tentou suicídio.

Hoje ele está aqui em casa, veio me visitar após sair da clinica de reabilitação psicossocial. Ele está ótimo, leve e pronto para a vida, para recomeçar. Lidou com o problema, se adaptou a mudança e superou à pressão da situação (choque, estresse, evento traumático). Vou simplificar sua história.

O planejamento da mudança de continente iniciou em setembro após uma crise de ansiedade seguida de abuso moral em seu atual trabalho na época. Isso foi o basta, veio o pedido de demissão e a aceitação do emprego em Portugal. Com os até então, futuros acontecimentos, seguiu o plano de mudança: locação de uma moradia em Lisboa, venda dos móveis, eletrodomésticos e coisas que não poderia levar, e por fim, a entrega do apartamento.

Tudo certo, tudo lindo, até que ocorre o fechamento de fronteiras para o Brasil, faltando apenas três dias para seu voo para Portugal. Se pode imaginar a turbulência em que ele se viu fora desse voo – sem mais nada, nem mesmo o básico, o essencial: uma casa, se tornou um refém da pandemia, preso ao Brasil por questões de saúde pública.

Andou na corda bamba de Janeiro a março com as remarcações de voo, até que não suportou mais tamanha incerteza e veio a tentativa de autoextermínio (TAE).

O vejo como um sobrevivente da pandemia, todos nós somos, como mencionei acima, cada um carrega uma dor pessoal, uma cicatriz por conta da pandemia de covid-19. Sejamos fortes, vamos continuar nos cuidando, vigilante, resiliente, um sobrevivente. Em breve toda população estará vacinada, e vamos viver o chamado “novo normal”, mais evoluídos, devido a todo aprendizado com a situação, dando mais valor ao mínimo, ao necessário.

A vida.



17 jun 2021, às 17h24. Atualizado às 18h05.
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