Meus Dias com Covid-19 - Cuidem-se !
Estou em tratamento de Covid-19 há praticamente 16 dias, hoje finalizo o ciclo de corticóides hoje, após ter finalizado, também duas caixas de antibióticos. Ainda falta terminar o anticoagulante para finalmente estar livre dos remédios e tratar as sequelas. A doença é séria e demanda cuidados, fico muito preocupado com a população que esta sendo abandonada, principalmente por não ter informações e acesso aos tratamentos. Durante estas três semanas fiz duas tomografias e três séries de exames de sangue, além de médicos e enfermeiros atenciosos, que tenho que agradecer os cuidados.
Ainda não sei como fui contaminado mas sei que numa terça feira acordei pesado e comecei a suar e sentir muito frio. Já preocupado, medi e estava com febre. Agora vem o erro. Fui até uma farmácia e fiz o exame rápido, para minha surpresa deu negativo. Fiquei tranquilo, pois não queria transmitir para ninguém no escritório e aos amigos. Mas um anjo soprou no meu ouvido e permaneci em casa. Os sintomas pioraram, dor no corpo, dor na cabeça, falta de energia, sem febre, pois tomei um antitérmico como sempre fiz quando tinha uma gripe.
Depois de um dia com sintomas resolvi ir até um hospital, para falar com um médico de confiança que de pronto já me alertou sobre os problemas dos exames de farmácia e já fez a requisição para exame laboratorial, tomografia e os primeiros remédios. Já atacar o vírus com tudo desde o começo. O exame para confirmar o diagnóstico seria daqui a três dias para garantir o resultado, bem como a tomografia.
Chegou o dia do exame, que trauma! Como estava com o nariz prejudicado em razão dos espirros e tosse, no momento de inserir o cotonete foi sangue para todo o lado e pior, tiveram que consultar os técnicos do laboratório para autorizar o envio do exame com sangue. Depois, cotonete da garganta, quase soltei os bofes. Realmente uma tortura. Aguarde-se o resultado, positivo para Covid-19. Agora a certeza do que se tem que tratar.
No sétimo dia do início dos sintomas, a coisa ficou feia, com falta de ar e a confirmação de 25% do pulmão tomado. O corpo doía muito, cabeça parecia que iria explodir e fraqueza extrema. Sem forças nem para ir ao banheiro. Tivemos que comprar um aparelhinho para monitorar a oxigenação para controlar se iniciaria uma piora. Quadro de terrror. Com toda essa situação resolvi ir para o hospital que estava com a emergência fechada e apenas pacientes que passassem pela triagem poderiam ser atendidos. Passei fácil na triagem, oxigenação baixa, exame positivo e pulmão tomado.
Fui encaminhado para uma área de isolamento onde começou a bateria de exames de sangue e outra tomografia. enquanto estava no hospital via pessoas ao lado tossirem muito, espirrarem, macas com gente intubada passando com aqueles monitores enormes, aqueles barulhos de sirenes de uti que monitoram o paciente. Para quem trabalha na área jurídica foi um filme de terror. Nunca pensei que fosse passar por algo similar, para quem não está acostumado, o medo da morte, de ficar sozinho naquele ambiente hostil. Cheguei às 13:30 e fui liberado com uma receita enorme à meia noite. Sem comida, apenas água e a companhia do celular. Mas fiquei feliz de poder tratar em casa.
Agora medicado, comecei o tratamento para valer. Foram praticamente dez dias com muita tosse, fraqueza, dor de cabeça e sem energia. No oitavo dia a dor no peito estava muito forte e me receitaram codeína e com o novo exame de sangue, um anticoagulante. A partir desse dia que verifiquei uma melhora mais consistente, porém o principal foi a retirada da dor aguda com a codeína e realmente, após o anticoagulante parece que ocorreu um empurrão.
Estou finalizando o tratamento e segundo a médica não transmite mais o vírus, o que me permite retomar as atividades na totalidade daqui dois dias após a revisão final no hospital.
A principal mensagem que quero deixar é que esta doença é surpreendente e imprevisível. Não recomendo a ninguém os momentos de angústia e dor pelos quais passei. Recomendo a quem sentir os primeiros sintomas procurar um médico e seguir fielmente as orientações para que o quadro não evolua para uma condição pior.