MPF recomenda que hospital garanta aborto legal para criança vítima de estupro em SC

por Guilherme Fortunato
com informações do MPF
Publicado em 22 jun 2022, às 16h30. Atualizado às 16h38.

O Ministério Público Federal (MPF) recomentou nesta quarta-feira (22) que o Hospital Universitário de Florianópolis realize o aborto para a menina, de 11 anos, que engravidou após ser vítima de estupro, independente do tempo de gestação ou autorização judicial.

De acordo com o MPF, o aborto legal não requer qualquer autorização judicial ou comunicação policial, assim como não existem, na legislação, limites relacionados à idade gestacional e ao peso fetal para realização do procedimento.

O hospital tem até às 12h de quinta-feira (23) para informar se a recomendação foi acatada, segundo o MP. Caso não seja, o Ministério Público poderá adotar medidas judiciais, diz o documento.

Um inquérito foi instaurado na segunda-feira (20) para investigar a atuação do hospital no caso. O MPF alega que o HU é cadastrado junto ao Ministério da Saúde como referência para interrupção legal da gestação.

O Ministério Público afirma que a “negativa de realização do aborto ou exigência de requisitos não previstos em lei nos casos de abortamento legal configura hipótese de violência psicológica, fere o direto à saúde das mulheres, a integridade psicológica e a proibição de submissão a tortura ou a tratamento desumano ou degradante das mulheres e diversos compromissos internacionais dos quais o Brasil é signatário”.

Entenda o caso

O crime de estupro aconteceu quando a criança ainda tinha 10 anos. Após o caso, a família suspeitou de que ela estava grávida e a levou para um hospital da região. Ao ser confirmada a gestação, dois dias depois, a mãe e filha (vítima) foram novamente até o hospital para realizar o aborto legal, assegurado por lei em casos de violência sexual, casos de risco à vida da gestante ou em casos de anencefalia fetal.

No entanto, a unidade hospitalar recusou o pedido e alegou que, pelas normas, o procedimento só poderia ser realizado até 20 semanas de gravidez. Naquele momento, a menina estava com 22 semanas, e, portanto, seria necessária uma autorização judicial.

Com isso, a menina foi encaminhada para um abrigo, onde deveria ficar até que não se encontrasse mais em situação de risco e para que não cometesse algum tipo de aborto ilegal.

Atualmente a menina está na 29ª semana de gravidez.


Mostrar próximo post
Carregando