Concorrentes à Presidência da República lamentam o esfaqueamento e dizem que suspensão das atividades de campanha na sexta-feira foi pontual
O atentado ao candidato à Presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro, não vai causar mudanças nas campanhas dos demais postulantes ao Planalto, segundo eles disseram após o terceiro debate na TV na noite deste domingo (9).
Na sexta-feira (7), dia seguinte ao ataque contra Bolsonaro, os candidatos suspenderam suas atividades de campanha em solidariedade ao adversário. Na televisão, o atentado freou os ataques contra o candidato do PSL. De acordo com Alvaro Dias (Podemos), a ausência de Bolsonaro no debate deste domingo tem de ser vista como um “ponto fora da curva”. Ele ainda negou que Bolsonaro tenha consolidado sua vaga no segundo turno da disputa. “[O Brasil] é um país conflituoso e temos que semear a paz e combater a violência e essa tentativa de estimular o ódio, a raiva e a intolerância porque isso não contribui”, afirmou após o encontro realizado por TV Gazeta, jornal “O Estado de S. Paulo” e rádio Jovem Pan.
Ciro Gomes (PDT) desejou que Bolsonaro esteja de volta aos debates tão logo se recupere e afirmou que o ataque o “constrangeu muito”. Apesar disso, ele garantiu que o ocorrido “não muda nada” em sua campanha. “Eu fui colega dele, passando quatro anos dando bom dia, boa tarde e apertando as mãos todos os dias. Ainda que eu não concorde com nada que ele diz e representa, a gente se vê naquela situação”, afirmou Ciro, que ainda lamentou o ódio e a radicalização das opiniões nas redes sociais.
Para Geraldo Alckmin (PSDB), que vem sendo responsável pelos principais ataques contra Bolsonaro na campanha na TV e no rádio, também garantiu que sua campanha “segue igual”. “Nós desejamos a ele [Bolsonaro] pronto restabelecimento. Foi um ato vil, um ato covarde e sempre temos defendido que o caminho não é o caminho da violência. Violência só leva a mais violência. Mahatma Gandhi já dizia: ‘olho por olho, a única coisa que se pode acontecer é todo mundo ficar cego’”.
Guilherme Boulos (PSOL) afirmou que nada será alterado em seu plano por “não fazer campanha de ódio” e comparou o acontecimento com o ataque à caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Talvez outras campanhas, que são seletivas, tenham que repensar seus conceitos”, disse Boulos, que completou: “Nossa campanha é uma campanha de rua e vai continuar sendo assim, olho no olho”.
Já Henrique Meirelles (MDB) avalia não ter sofrido ameaças contra sua integridade física por propor “diálogo, união e paz”. “No meu caso, ao invés de acirrar os ânimos, eu tenho proposto o diálogo como forma de resolver as diferenças. Tudo isso se reflete ao fato de que eu posso andar por todo o país”, afirmou ele, que ainda vê uma vantagem a Bolsonaro por estar ausente das ruas e dos debates.
Marina Silva (Rede) lembrou que o ataque a Bolsonaro foi o quarto caso de violência desse ciclo eleitoral, mas garantiu que seu discurso em relação à violência não vai mudar por motivos eleitorais. “Neste momento, não é questão de estratégia de mudar o discurso em função de ganhar voto, mas preservar a vida das pessoas. Não é porque estou concorrendo que preciso desconstruir o adversário”, destacou.