Em campanha no Paraná, Jair Bolsonaro fala sobre obras, inflação e pesquisas eleitorais

por Daniela Borsuk
com informações de Marc Souza, da Jovem Pan News
Publicado em 31 ago 2022, às 16h34. Atualizado às 18h28.

Em campanha eleitoral pelo Paraná, o candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PL) deu entrevista para o Grupo RIC na tarde desta quarta-feira (31). Esta foi a primeira vez que o candidato veio ao estado em agenda de campanha. Buscando a reeleição nas eleições gerais de 2022, Bolsonaro abordou assuntos como inflação, sua colocação nas pesquisas eleitorais, privatização de estatais, políticas armamentistas e os valores que defende para o Brasil caso seja eleito novamente presidente.

No início da conversa, Bolsonaro contou sobre a visita que fez ao Oeste do Paraná na manhã desta quarta-feira, onde visitou a sede da Itaipu Binacional e foi até a Ponte da Integração, que liga Foz à cidade de Presidente Franco, no Paraguai.

Presidente comenta sobre obras no Paraná

De acordo com o presidente, a obra deve ser finalizada em dezembro e ele ainda prometeu que irá retornar ao Paraná para a inauguração. Ao ser questionado sobre as obras no estado, Bolsonaro comentou sobre sua relação com o governador Ratinho Junior.

“Nós temos um bom relacionamento com o governador Ratinho Junior, além disso concluímos 600 metros de extensão no aeroporto de Foz do Iguaçu, a rodovia Boiadeira também, mais um trecho dela sendo ativada nos próximos dias, atendendo também mais 50 municípios da região do Lago da Itaipu, também hoje conversei com o presidente Mario, do Paraguai, bastante avançada a possibilidade de usarmos em conjunto o Lago da Itaipu para piscicultura, tilápia. Caso isso se concretize, nós podemos aumentar em 40% a produção de pescado no país”,

descreveu Bolsonaro.

Bolsonaro fala sobre pesquisas eleitorais e aceitação

Na sequência, o candidato comentou sobre a divulgação da última pesquisa eleitoral publicada, do Instituto Paraná Pesquisas, que aponta que o candidato do Partido Liberal está tecnicamente empatado com o candidato do Partido dos Trabalhadores, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lidera as pesquisas. Segundo o levantamento, na abordagem espontânea (em que os nomes dos candidatos não são apresentados), Bolsonaro tem 29% das intenções de voto, enquanto Lula aparece com 32,1%. Considerando a margem de erro de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos, os dois candidatos estão em empate técnico. 

“O que eu vejo nas ruas, não no local do evento que eu vou, mas no transcurso, até chegar aquele momento, a aceitação é excepcional. E não é de agora, desde o início do nosso mandato. Potencializa agora o preço dos combustíveis, cada vez caindo mais, o preço da energia elétrica, o auxílio aos mais necessitados, que era R$ 192 em média no passado, agora para no mínimo R$ 600. Além da questão do desemprego no país, que tem caído mês a mês. Só temos notícias boas da economia e a economia é o carro-chefe de qualquer reeleição de um candidato”, argumentou Bolsonaro.

Bolsonaro discute inflação no Brasil

Ainda, o candidato garantiu que vai manter zero imposto federal da gasolina, do álcool e do diesel mesmo após as eleições de 2022, caso seja eleito. Ele também comentou sobre o teto de 17% para as alíquotas de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), sancionado em 2022, dizendo que a medida foi bem recebida e que potencializou na contenção da inflação no país.

Segundo ele, uma forma de ajudar a população foi zerar os impostos federais da cesta básica. “Pra você ver, há pouco tempo estava R$ 12 o litro do óleo de soja, agora caiu pela metade do preço, o leite também estava um tanto quanto caro, agora já diminuiu abaixo de R$ 6. Você tem que comparar o Brasil com o mundo, o Brasil tá muito melhor, nessa questão econômica, do que qualquer outro país do mundo”, disse. “Nós não temos nenhum problema com um possível desabastecimento como a Europa está tendo no momento”, comparou o presidente.

Efetivação do PIX

Sobre a efetivação do PIX, que aconteceu durante o seu governo, o candidato afirmou que foi uma revolução na economia. “Muita gente se transformou em micro e pequeno empresário. E deixo claro, o PIX não tem qualquer taxa, diferente do TED (transferências bancárias) no passado, que você pagava por qualquer transferência, você deixou de fazer. Por mês já tem mais de 1 bilhão de transações com o PIX, o PIX veio para ficar”, pontuou.

Renegociação das dívidas dos estudantes do Fies

Ao ser questionado para a renegociação de dívidas de estudantes junto ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), Bolsonaro afirmou que havia cerca de 1 milhão de jovens com dívidas acumuladas em mais de R$ 60 mil e que, agora, poderão ter desconto de até 99% para quitar o valor na Caixa Econômica e Banco do Brasil. O presidente ainda afirmou que a medida não vai impactar nas contas públicas.

“Dívidas de mais de R$ 60 mil, impagável. E quando você não tem como pagar, tem que buscar alternativas, não pode deixar essas pessoas à margem da sociedade o tempo todo. Então acertado com o Ministério da Economia, acertado com a equipe do Paulo Guedes, mandamos o projeto ao Congresso e foi aprovado”,

explicou.

O presidente apontou que quitando a dívida os estudantes podem se inserir melhor no mercado de trabalho. “Podem abrir a sua empresa, não são mais inadimplentes, podem recorrer à empréstimos bancários, são cidadãos”, frisou.

Política armamentista e invasão de propriedade privada

Sobre a política armamentista apoiada por Bolsonaro, o candidato afirmou que a desburocratização é feita com intuito de que a população possa se defender. Ainda, comentou que os produtores rurais têm porte de arma estendida para evitar invasões nas terras e propriedades privadas. “Eu parto do princípio da Constituição de que a propriedade privada, não importa se é um apartamento, um sítio, uma fazenda, uma mansão, é propriedade privada, que é sagrada e você tem o direito de defender de qualquer um, um agressor, um invasor, caso queira ocupar esse espaço que é teu”, justificou.

Reflexos da pandemia no Brasil e privatização

O presidente afirmou que o isolamento social feito durante a pandemia, segundo ele com “a política do ‘Fique em Casa'”, da qual foi contrário, a guerra desencadeada na Ucrânia, a crise hidrológica e a seca estão tendo consequências no Brasil. No entanto, ele apontou que o teto do ICMS, a venda direta do etanol e a redução da energia elétrica estão contribuindo para reduzir a inflação. “Há uma confiança cada vez maior no Brasil dada a forma que nós trabalhamos”, disse.

Ainda, ele apontou sanção da lei que permite à iniciativa privada explorar e construir ferrovias por meio de outorgas, chamada de Novo Marco Legal do Transporte Ferroviário, como importante para o desenvolvimento do país, incluindo no Paraná. “Isso tudo tem ajudado, a questão da privatização também, quando você pega um Porto de Santos, que está no caminho da privatização, quando assumimos dava um prejuízo de meio bilhão de reais por ano, agora já dá lucro de meio bilhão por ano. As estatais no passado davam pequenos lucros ou deficits, agora a lucratividade ultrapassa R$ 100 bilhões.

Bolsonaro e as críticas às mulheres

Com relação aos comentários sobre críticas às mulheres por parte de Bolsonaro, o candidato disse que se trata apenas de “uma narrativa” contra ele.

“Não tem o que falar, sancionei mais de 60 projetos para elas no Parlamento, um recorde isso aí. Como reflexo, por exemplo, tem diminuído o feminicídio no Brasil, a criminalidade de modo geral tem diminuído como um todo. Isso aí é uma narrativa apenas [..]. Em qualquer lugar que eu vou, as mulheres me tratam muito bem. Se eu não gosto de mulher é porque eu gosto de homem? Isso aí tá fora de contexto”,

disse rindo.

Desfiles de 7 de setembro

Ainda, o candidato afirmou que irá manter os desfiles cívico-militares marcados para o feriado de 7 de Setembro em comemoração aos 200 anos de Independência do Brasil, mesmo após o pedido do Ministério Público ao Tribunal de Contas da União para suspender a participação das Forças Armadas nos eventos planejados pelo Governo Federal.

Bolsonaro afirmou que o pedido se trata de uma perseguição, confirmou o desfile em todas as cidades do Brasil e eventos grandes em Brasília e Rio de Janeiro.

“É lógico que está mantido, não tem decisãozinha de um cara ou outro achar que não vai ter. Quem esse cara pensa que é para dizer que não vai ter desfile de 7 de Setembro?”,

questionou.

Segundo o candidato, em seu governo ele ajudou a recuperar o patriotismo, o sentimento de nacionalidade e disse que o que está em jogo nas eleições é “a liberdade”.

Bolsonaro confirma presença em debates eleitorais de 2022

Sobre o 1º debate eleitoral com os candidatos à Presidência do Brasil, realizado pela Band, Bolsonaro disse que “levou tiro” de todo lado, mas que a discussão é importante e que deve confirmar presença nos próximos. “Pretendo ir, sem problema nenhum”, ressaltou.

Nas pautas abordadas, o candidato disse que jamais irá apoiar a liberação de drogas no Brasil e que será sempre contra o aborto. “Nós somos defensores da família, somos pró-armamento, somos contra o BNDES continuar mandando dinheiro para fora do Brasil, somos contra a valorização do MST e temos um excelente relacionamento com o mundo todo”, frisou. “O meu país acima de tudo, mais do que amor, dar a vida pela sua liberdade”.

Bolsonaro e imóveis comprados com dinheiro vivo

Sobre o levantamento patrimonial de um veículo de imprensa de que Bolsonaro e a família teriam comprado mais da metade de seus imóveis, pelo menos 51 propriedades, em dinheiro vivo, o candidato disse que está sendo perseguido.

“Fazem isso com a minha família. Metade dos imóveis é de um ex-cunhado meu, o que eu tenho a ver com meu ex-cunhado? Não vejo esse cara há um tempão. Buscam uma maneira, um levantamento feito pela Folha, que não tem qualquer credibilidade, bota a minha mãe, que já faleceu, nesse rol também. Vem para cima de mim! Uma maneira de desgastar, mas não vão conseguir”,

defendeu ele.

Confira a entrevista de Jair Bolsonaro na íntegra:

Grupo RIC entrevista candidatos à Presidência

O Grupo RIC convidou os principais candidatos à Presidência para participarem de entrevista durante a campanha eleitoral. Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT) já passaram pelo Paraná em agenda da campanha eleitoral. O candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve visitar a capital paranaense no dia 17 de setembro.

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