Novo governante terá que resolver problemas em todas as áreas. Foto: Márcio Helegda/RICTV

Confira quais os principais desafios para novo governante do Paraná nas áreas de saúde, educação, segurança e infraestrutura

Sem dinheiro, investir em qualquer área se torna um grande desafio. Este deve ser o primeiro problema a ser resolvido pelos próximos chefes dos executivos, do Brasil e também do Paraná. A economista Angela Broch é taxativa: “precisamos saber o resultado das eleições, pois se o presidente eleito puder contar com apoio do congresso e tiver um mínimo de dissentimento econômico, sim podemos esperar melhoras na economia, mas tudo caminhando de forma muito lenta”.

O cientista político e professor da UFPR, Emerson Cervi, corrobora com a opinião de Broch. Ele acredita que o cenário político conturbado deve impedir o crescimento do país e influenciar diretamente na economia: “2019 sem crescer. Dependendo do eleito começa em 2020 ou nem isso”, alerta.

Setor automotivo acumula crescimento de 12% em agosto deste ano em comparação com 2017. Foto: divulgação/Renault

 

Apesar do cenário alarmante, alguns setores conseguiram driblar a crise e crescem – ainda que de forma lenta. É o caso do setor automotivo. Dados divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, Anfavea, mostram a recuperação do setor, em comparação com 2017. Os resultados da indústria automobilística em agosto e no acumulado do ano mostram que a produção atingiu 291,4 mil autoveículos no mês, alta de 11,7% em comparação com o mesmo período do ano passado e de 18,6% em relação ao mês de julho. Até agosto deste ano, 1,97 milhão de veículos já foram produzidos, o que significa alta de 12,8%, em comparação com o ano passado.

Para Antonio Megale, presidente da Anfavea, os resultados são muito positivos para o setor automotivo brasileiro: “Este é um mês tradicionalmente forte nas vendas, mas em meio a todo este cenário de incertezas com relação às eleições, alta do dólar e com a memória recente das paralisações de maio, o desempenho foi uma surpresa positiva. Tivemos dias com mais de 16 mil veículos licenciados e a média diária foi a mais alta do ano”.

Outro setor que gerou empregos formais foi o de serviços. Dados da Pesquisa Conjuntural da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio PR), mostram que as lojas de departamentos (10,19%), farmácias (6,05%) e materiais de construção (5,19%) foram as que mais contrataram no primeiro semestre deste ano, com destaque para as regiões oeste e dos campos gerais. 

Os reflexos de 2018

O economista do Dieese, Sandro Silva acredita que o crescimento deste ano deve ser ínfimo, “possivelmente muito próximo de 2017 (1%) e com piora no mercado de trabalho, aumento da informalidade”. Para ele, este cenário se deve também ao impacto da reforma trabalhista “que está levando um aumento da precarização do trabalho, terceirização, pejotização, trabalho intermitente”.

No Paraná, os dois setores que apresentaram ligeira alta, no que tange a empregabilidade e geração de renda, foram os de serviço e a indústria, que foram fortemente atingidos pelos problemas de escoamento, tanto da safra, quanto do setor produtivo.

Para Silva, o cenário de incertezas somado a uma tendência de alta moderada da inflação não traz perspectivas de melhora do cenário a curto prazo: “não se vislumbra no curto prazo uma melhora significativa da economia”.

Andressa Souza conta que perdeu o emprego logo após retornar da licença maternidade. A falta de renda tem feito a família passar por apuros todos os meses: “Estamos sobrevivendo com o salário do meu marido somente, mas a cada mês é um sofrimento pra conseguir pagar todas as despesas da casa”. A mãe do pequeno Enzo, de dois anos, diz que já participou de vários processos seletivos, no entanto, a recolocação está muito difícil: “dá vontade de desistir”, garante.

Se por um lado os desafios para 2019 são indiscutíveis e abrangem todas as áreas, o trabalho feito pelo grupo de pesquisa em Comunicação Política e Opinião Pública (CPOP) da Universidade Federal do Paraná mostra que para os candidatos ao governo do Paraná um assunto parece ter mais importância, e por isso, estão na ponta da língua – ou melhor nos planos de governo: no topo do ranking temos a palavra saúde, citada 244 vezes, se somarmos o número de vezes que o termo é utilizado, em todos os planos de governo protocolados junto ao Tribunal Superior Eleitoral. Em seguida, o termo que mais aparece é Educação, com 160 citações. Segurança aparece 137 vezes. Já corrupção aparece apenas em 26 oportunidades, nos nove planos de governo que tinham sido registrados até 20 de agosto, quando a pesquisa foi realizada pelo CPOP. Apenas o PRTB ainda não havia registrado seu plano de governo até a data da coleta de dados.

Gráfico do grupo de estudos mostra palavras mais citadas nos planos de governo. Fonte: www.cpop.ufpr.br

Para o cientista político e coordenador do grupo, Emerson Cervi, “o levantamento mostra que os candidatos ao governo do Paraná, em geral, estão preocupados com temas bem definidos”, relata. Cervi diz que nas pesquisas de opinião pública dos últimos quatro anos os temas saúde e educação têm se mostrado como os que mais preocupam os paranaenses.

Segurança figura como terceiro tema que mais surge nos planos de governo, mas não é um tema que traz tanta preocupação quanto os outros dois, segundo o pesquisador.

Afinal, quais os principais desafios que o próximo governante do Paraná terá para resolver?

Em ano de eleições, diversos setores têm demonstrado preocupação com o que está por vir. Por conta disso, alguns temas passam a ganhar espaço nos noticiários e devem ser debatidos entre candidatos que pretendem ocupar um lugar no Palácio Iguaçu a partir de 2019, é o que aponta o economista Daniel Poit, “um dos principais problemas a ser resolvido pelo próximo governo é o de infraestrutura porque nós ficamos muito defasados em relação a capacidade de escoar a produção, de incentivar e reativar alguns setores industriais, em razão da estagnação de infraestrutura”.

Além da questão da infraestrutura, políticas econômicas, saúde, educação, desemprego e combate à corrupção devem ser temas debatidos.

Primeiro semestre tem saldo positivo de emprego. Foto: Fabiana Genestra

No primeiro semestre de 2018, o Paraná ocupou o quarto lugar no ranking nacional de geração de empregos, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). No estado, foram criadas 32 mil vagas de emprego no período, um terço somente na indústria e a maior parte, no setor de serviços.

Depois de quase três anos de recessão, 2018 trazia a promessa de ser o ano da virada econômica, após a crise enfrentada por milhares de brasileiros. A retração acumulada do PIB entre abril de 2014 – período anterior ao mundial de futebol realizado no Brasil e dezembro de 2016, quando chegamos ao final de um ano marcado por impeachment e ajustes fiscais,  foi de 8,2%. No entanto, essas projeções de um PIB que realmente refletisse uma virada econômica, não se confirmaram. Instabilidade política, greve geral dos caminhoneiros e até questões climáticas estagnaram a economia em 2018. Para a economista Angela Broch, “economia e política são parceiras inconteste e, como temos um problema grave e não resolvido na política, isto reflete um fraco desempenho econômico”.  

O país acumula no primeiro semestre deste ano mais de 26 milhões de pessoas desempregadas. 23% da população que sofre com o problema é chefe de família, segundo dados do IBGE. Além disso, 65,6 milhões de brasileiros não trabalham nem procuram emprego, um recorde desde 2012, quando o dado começou a ser medido. Este número representa, praticamente um país como a França. Este número de pessoas só cresceu em 2018. Mais de um milhão de brasileiros entraram para esta estatística.

Quando, no entanto, há o questionamento sobre o que mais preocupa a população, no topo estão saúde, segurança e educação. A pesquisa “As Preocupações do Eleitor Brasileiro”, encomendada pela RecordTV e divulgada no final de julho, mostra que os principais medos da população para os próximos quatro anos são perder um ente querido de maneira violenta e sofrer algum tipo de violência pessoal, como um assalto. 70% dos entrevistados temem não conseguir marcar exames e consultas, 66% se diz muito preocupado com a inflação e 49% coloca o desemprego com um grande medo no próximo governo. O levantamento foi feito pelo Instituto Real Data e ouviu duas mil pessoas, entre os dias 20 e 21 de julho deste ano.

No Paraná, assim como em outros estado do país, a preocupação com a saúde é a mais citada, com 73% em menções, segundo o último levantamento do Ibope, em agosto deste ano. De acordo com a pesquisa, em segundo lugar, a maior preocupação do paranaense é com educação (46%), tecnicamente empatada com segurança pública (42%), já que a margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. O Ibope ouviu 1008 eleitores, entre os dias 19 e 21 de agosto, em 55 municípios do estado.

O portal RICMAIS ouviu diversos especialistas, para comentar os principais desafios que o novo governante deve ter pela frente quando os assuntos são: saúde, educação, segurança pública e infraestrutura.

Desafios na saúde

Desafios na educação

Desafios na segurança pública

Desafios na infraestrutura e logística

Por: Fabiana Genestra/RICTV