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Concurso público e trabalho conjunto das forças policiais são desafio para novo governante

Se por um lado, dados da Secretaria de Segurança Pública do Paraná revelam que o estado teve redução no número de mortes violentas em 2017, dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública revelam um país violento e que matou 25% mais que a Síria, no mesmo período. 63.880 pessoas perderam a vida de forma violenta em 2017, enquanto no país em guerra, pouco mais de 50 mil pessoas morreram. Isto reforça a importância do assunto estar em pauta e necessitar de olhar mais atento por parte dos governantes.

Fronteiras facilitam entrada de drogas e armas. Foto: divulgação/Polícia Civil

Para o consultor em segurança pública e privada, Coronel da Polícia Militar da reserva, Roberson Luiz Bondaruk, o maior desafio é o combate ao tráfico de drogas: “a grande dificuldade é que ela é um fator econômico forte. Gera “emprego”, corrupção e incentiva a criminalidade”. Para o especialista, o narcotráfico movimenta a economia paralela e atrai cada vez mais pessoas idôneas, que passando por problemas financeiros se vêem atraídas por este tipo de atividade, “cada vez mais se nota a presença de mulheres e até mesmo idosos trabalhando na venda de drogas”, relata.

“Barris de pólvora”, classifica Bondaruk quando o assunto são as fronteiras do país. Para ele, outro grande desafio é trabalhar arduamente para evitar a entrada de drogas, armas e contrabando: “a falta deste tipo de trabalho aumenta a disponibilidade de armas e isso aumenta e muito o número de mortes violentas. É muito mais difícil uma pessoa tirar a vida de outra esfaqueando ou dando uma paulada”, aponta.

Ele também chama a atenção para políticas públicas nas áreas de educação e fortalecimento da economia: “estes dois fatores são os que mais levam as pessoas para a criminalidade. O governante tem que ter foco na educação e na geração de emprego. É fato que toda demanda social não atendida gera aumento de criminalidade”, ressalta.

Para o policial, o trabalho conjunto entre as forças policiais estaduais e federais precisa ser contínuo. Além disso, ele reforça a importância da conscientização e da punição: “o que inibe o crime é a certeza da punição. Por isso, os sistemas precisam ser revistos. O que temos hoje, em termos de leis é uma colcha de retalho. Não adianta o endurecimento das leis, sem que a polícia consiga manter o criminoso punido”, alerta.

Feminicídio: números alarmantes

No Paraná, um novo processo por violência contra a mulher é registrado a cada 16 minutos. Este tipo de crime cresce a passos largos. Dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) apontam para o aumento de 16% em relação a 2016, um total de 32.441 casos.

De acordo com o Ministério Público do estado, 556 inquéritos policiais que investigam feminicídio, foram registrados desde 2015 – quando o crime foi tipificado.

Para Roberson Bondaruk, este tema não pode ficar fora de pauta quando o assunto é segurança pública. “Enquanto estamos aqui, conversando, uma mulher apanha”, reforça. Para ele, a violência doméstica é um problema cultural e cabe a toda a sociedade agir em prol da mulher: “a mulher sofre com a pressão da família, da sociedade e ela tende a se sujeitar às estas práticas porque é mais preocupada com a família, com a manutenção da família e acaba se esforçando mais. Esta mulher precisa de ajuda”, apela. Para o Coronel, é muito importante que o novo governante tenha um olhar sensível a este problema, que cresce vertiginosamente. “É um crime que cresce muito além do que podemos considerar “normal”. Existe um ciclo e o homem vai perdendo a noção da letalidade da agressão”.

Efetivo policial

 

Concurso público e trabalho conjunto das forças policiais são desafio para novo governante. Foto: divulgação/Polícia Civil

Para o especialista em segurança, qualquer governante tem vontade de chegar e contratar 50 mil policiais, mas o orçamento é limitado. Ainda assim, mesmo que não se consiga o número ideal, é importante contratar e também investir: “é preciso o constante reequipamento. Para ter ideia, uma viatura policial tem vida útil de dois anos e isso precisa sempre ser visto. Constante foco na compra de equipamentos como câmeras, sistemas de informática, informações qualificadas para o combate ao crime organizado”, reforça.

Por: Fabiana Genestra/RICTV