Vereadores aprovam aumento dos próprios salários, da prefeita e do vice de Astorga em sessão tumultuada
Confusão e bate-boca marcaram a sessão ordinária da Câmara Municipal de Astorga, no Noroeste do Paraná, desta terça-feira (14). Dezenas de pessoas foram até a Câmara acompanhar a votação dos projetos que previam o reajuste dos salários da prefeita e do seu vice, além de secretários municipais e vereadores da cidade. Também foram votadas propostas de reajustes dos salários de todos os servidores públicos da Prefeitura e da Câmara e a instituição de um salário mínimo municipal.
Com sete votos favoráveis e um contrário, os vereadores aprovaram o reajuste de 10% dos próprios salários e do Executivo. No momento das justificativas, o vereador Tio Chico (PL) chegou a propor que Charles Gasparino (PP), o único que votou contra a proposta, renunciasse ao aumento de seu subsídio. Gasparino se exaltou e afirmou que não precisava ‘dar satisfação do que fazia com o seu dinheiro’ ao vereador.
Neste momento, a população presente, que lotou a Câmara na sessão, se manifestou e o presidente da Casa precisou pedir por ordem. “Eu estou votando contra esse projeto porque, em princípio, o projeto é para aumentar o salário da prefeita, essa era a justificativa, não era para aumentar salário, subsídio de vereador. Então respeito essa Casa de Lei, gostaria de ser respeitado também”, argumentou Gasparino.
Ainda, o vereador questionou o projeto, que foi protocolado durante as férias da prefeita Suzie Pucillo (PP), pelo vice-prefeito, que atuava como prefeito em exercício, Geovani Conti (MDB). “Se o projeto tivesse partido do Poder Executivo e aqui tivesse somente o subsídio da prefeita, é uma coisa. Agora colocar aumento inflacionário de vereador, colocar aumento inflacionário de vice-prefeito, aonde eu quero deixar muito bem claro aqui que a prefeita tirou as férias dela, esse ofício chegou através do prefeito em exercício, Geovani Conti, que foi protocolado na sexta-feira e a nossa prefeita chegou na segunda-feira”, disse.
- Veja também: Clínica de Maringá mantinha dependentes químicos em condições análogas a escravidão, diz polícia
Favoráveis, os vereadores Professor Serginho (PTB) e Lorena Campioni (PSC) afirmaram que o reajuste no salário da prefeita era necessário para a contratação de médicos para o município. Com apenas dois médicos atuando nas Unidades Básicas de Saúde do município, a Secretaria de Saúde abriu novas vagas em fevereiro, mas até o momento nenhum profissional se candidatou.
Lorena afirmou que não apareceram candidatos devido ao valor do salário proposto que, constitucionalmente, não pode ultrapassar o da prefeita da cidade. Atualmente, Suzie recebe cerca de R$ 16.400 mensalmente. Com o reajuste proposto de 10,6%, relacionado ao valor da inflação de 2021, o salário subiria para R$ 18.100. Segundo a vereadora, esse teto seria mais atrativo para os médicos. Charles ainda rebateu o argumento: “Se não tá conseguindo arrumar médico por R$ 16 mil, por R$ 18 mil não vai conseguir”, disse.
O vereador professor Serginho justificou que os dois médicos do município tem contrato somente até 30 de junho e que, depois disso, teme que a população fique sem atendimento.
Apesar das discussões, o aumento de 10,6% dos salários da prefeita, do vice-prefeito, dos secretários municipais e dos vereadores foi aprovado. A população ainda questionou a diferença de reajuste, já que para os servidores foi de 3% e para os cargos políticos de 10,6%. A vereadora Lorena justificou que os servidores já receberam o reajuste inflacionário no início do ano.
Assista a sessão:
- Saiba: “População fica sem saber quem é o vereador”, desabafa Mestre Pop sobre possível mudança na CMC
Na sessão, também foi aprovado por unanimidade o reajuste de 3% no salário dos servidores públicos da Prefeitura e da Câmara Municipal. Ainda, por unanimidade, foi aprovado o salário mínimo municipal para todos os funcionários públicos. A decisão foi bastante aplaudida e elogiada pela população.