Pesquisa afirma que diiminuição do uso de redes sociais reduz depressão e solidão
A ligação entre o uso de redes sociais e depressão tem sido discutida há anos, mas uma conexão causal nunca foi provada. Pela primeira vez, uma pesquisa da Universidade da Pensilvânia, baseada em dados experimentais, conecta o Facebook, Snapchat e o uso do Instagram à diminuição do bem-estar.
A psicóloga Melissa G. Hunt publicou suas descobertas no “Journal of Social and Clinical Psychology” divulgado na quinta-feira (8).
Poucos estudos anteriores tentaram mostrar que o uso das redes sociais prejudica o bem-estar dos usuários, e aqueles que tentaram colocaram os participantes em situações irreais ou tinham escopo limitado, pedindo que os participantes abandonassem completamente o Facebook ou confiando em dados de autorrelato, por exemplo.
“Nós nos propusemos a fazer um estudo muito mais abrangente e rigoroso, que fosse também mais ecologicamente válido”, diz Hunt, diretora de treinamento clínico do Departamento de Psicologia da Universidade da Pensilvânia.
Para esse fim, a equipe de pesquisa projetou sua experiência para incluir as três plataformas mais populares entre alunos de graduação e coletou dados de uso automaticamente rastreados pelos iPhones através aplicativos ativos, não aqueles que trabalham plano de fundo.
Cada um dos 143 participantes completou uma pesquisa para determinar o humor e o bem-estar no início do estudo, além de fotos compartilhadas de suas telas de bateria do iPhone para oferecer uma semana de dados de redes sociais básicos. Os participantes foram então aleatoriamente designados para um grupo de controle, no qual os usuários mantiveram seu comportamento típico de uso de redes sociais, ou um grupo experimental que limitou o tempo no Facebook, Snapchat e Instagram para 10 minutos por plataforma por dia.
Durante as três semanas seguintes, os participantes compartilharam capturas de tela da bateria do iPhone para dar aos pesquisadores as estatísticas semanais de cada indivíduo. Com esses dados em mãos, Hunt analisou sete medidas de desfecho, incluindo medo de estar perdendo algo, ansiedade, depressão e solidão.
Hunt salienta que as descobertas não sugerem que os jovens de 18 a 22 anos parem completamente de usar as redes sociais. Na verdade, ela construiu o estudo justamente para evitar o que considera uma meta irrealista. O trabalho, no entanto, fala com a ideia de que limitar o tempo de tela nesses aplicativos não prejudica.
“É um pouco irônico que reduzir seu uso de redes sociais na verdade faça você se sentir menos solitário”, diz ela. Mas quando ela se aprofundou um pouco mais, percebeu que as descobertas fazem sentido.
Como esse trabalho em particular apenas analisou o Facebook, o Instagram e o Snapchat, não está claro se ele se aplica amplamente a outras plataformas de rede social. Hunt também hesita em dizer que essas descobertas se repetem para outros grupos etários ou em contextos diferentes. Essas são perguntas que ela ainda espera responder, incluindo um estudo sobre o uso de aplicativos de namoro por estudantes universitários.
Apesar dessas ressalvas, e embora o estudo não tenha determinado o tempo ideal que os usuários devem gastar nessas plataformas ou a melhor maneira de usá-los, Hunt diz que as conclusões oferecem duas conclusões relacionadas que não poderiam prejudicar nenhum usuário de rede social.
Por um lado, reduzir as oportunidades de comparação social, diz ela. “Quando você não está ocupado sendo sugado pelas redes sociais do clickbait, você está gastando mais tempo em coisas que são mais propensas a fazer com que você se sinta melhor sobre sua vida.”
Em segundo lugar, acrescenta, porque essas ferramentas vieram para ficar, cabe à sociedade descobrir como usá-las de maneira a limitar os efeitos prejudiciais. “Em geral, eu diria, desligue o celular e fique com as pessoas da sua vida.”
Fonte e créditos: Portal de Notícias G1.