Pesquisa Food Service ABF indica avanço do uso da tecnologia nas franquias de alimentação

Publicado em 13 jul 2018, às 00h00. Atualizado em: 15 set 2020 às 07h56.

Da redação

O segmento de Alimentação, um dos mais tradicionais e consolidados do franchising brasileiro, definitivamente incorporou a transformação digital em sua agenda. Em um ambiente de demanda desaquecida e mudança dos hábitos do consumidor, provocada pela digitalização do dia a dia das pessoas, as redes desse segmento passaram a adotar tecnologias inovadoras em seus processos de atendimento, relacionamento com o cliente, fechamento de compra, administrativos e de produção de alimentos, dentre outros. Esta é a principal conclusão da 12ª Pesquisa Setorial ABF Food Service realizada pela Associação Brasileira de Franchising. Encomendado pela entidade à ECD Food Service, consultoria especializada no setor, o levantamento foi divulgado no Seminário Setorial de Food Service ABF e P ós-NRA Show 2018, que abre a ABF Franchising Week.

Alimentação é, individualmente, o segmento de maior peso do setor de franquias brasileiro. De acordo com o balanço do desempenho do franchising em 2017, do faturamento total de R$ 163,319 bilhões do setor, as redes de alimentação abocanharam uma fatia de R$ 42,816 bilhões. Do universo de 146.134 unidades de franquias, 31.710 são de alimentação e dentre as 2.845 redes, 742 integram o segmento.

Os investimentos em tecnologias de atendimento ao cliente “à frente do balcão” (ou “front of the house”), por exemplo, devem mais que duplicar em 2018. No ano passado, 24% das redes de alimentação pesquisadas haviam investido em equipamentos de tecnologia como iPads para menu. Já este ano, 48,5% afirmam que pretendem fazer esse investimento. A instalação de quiosques e terminais eletrônicos de atendimento tende a triplicar, saltando de 14% no ano passado para 42,4% no mesmo período.

 

“Cada vez mais a experiência do consumidor e a tecnologia estão passando a ser questões preponderantes para o bom desempenho e o sucesso dos negócios e as redes de alimentação, de acordo com a pesquisa, estão avançando nesse sentido”, afirma Altino Cristofoletti Junior, presidente da ABF.

O estudo revela ainda que “reinvenção” pode ser considerada a palavra de ordem para o segmento de Alimentação na atualidade. Lançar mão de novos formatos e investir em tecnologia de informação são dois fatores relevantes para as redes apontados no estudo. Entre os tipos de negócios considerados mais interessantes para se investir, Quiosques foi a opção de 50% dos respondentes, Lojas de menu reduzido ficou com 47,3% e Restaurantes virtuais (que atuam exclusivamente com delivery) com 28,4% das preferências. Já em relação às ferramentas de comunicação que as redes pretendem investir este ano, Quiosques e terminais eletrônicos para pagamento em praças de alimentação e Menus eletrônicos em restaurantes de serviço completo foram os itens com intenção de investimento ma is expressiva.

De acordo com João Baptista Junior, coordenador do Comitê de Food Service da ABF, “todos os modelos de negócios estão tendo que se reinventar para acompanhar as mudanças que estão ocorrendo, seja no comportamento do consumidor, seja no campo tecnológico. As redes que mantêm o modelo de negócio tradicional tendem a perder competitividade”, sentencia.

Dentre as estratégias de marketing, 100% das redes pesquisadas afirmam que pretendem investir em mídias sociais agora em 2018 e a maioria dos respondentes adotou o lançamento de novos produtos. No ano passado, 44,6% deles lançaram mais de sete novos itens, 17,6% de cinco a seis e 20,3%, de três a quatro.

Desafios

O aumento do faturamento da rede era o principal desafio para 44,3% das marcas pesquisadas em 2017, índice que subiu para 51,5% entre 2018 e 2019. “Driblar a crise econômica” foi a segunda maior preocupação, apontada por 33,3% dos respondentes, seguida pelo clima, com 28,6%. Já neste e no próximo ano, os desafios climáticos ficaram em segundo lugar (33,3%), superando a importância dada à crise econômica (26,8%).

Para Enzo Donna, diretor geral da ECD Food Service, “a pesquisa comprova que as redes de alimentação estão superando os desafios impostos pelo período de crise que o Brasil enfrentou e cujos reflexos ainda são sentidos pelas empresas. O estudo mostra, ainda, que as franquias de food service estão cada vez mais preparadas para os novos tempos”.

Tendências

Entre as principais tendências, a alimentação saudável se destaca. De acordo com a pesquisa, 63,9% das redes monitoram as tendências de menu e ingredientes relacionados à saudabilidade. Outras 45,8% estão atentas à customização do menu pelo cliente e 38,9% acompanham as tendências vegetarianas e veganas.

A intensificação do uso de tecnologias de interação com o consumidor, nas quais estão os aplicativos, também pode ser observada na pesquisa. Nesse aspecto, os investimentos em sistemas de delivery devem subir de 72,7% no ano passado para 75% neste ano e em pedidos online poderão saltar de 50% para 70,6%.

O coordenador do Comitê de Food Service da ABF defende que as redes de alimentação mantenham seus investimentos em tecnologia e inovação para otimizar seus resultados. “Temos que ser mais eficientes, mais assertivos nas vendas para melhorarmos nossa performance. Vejo que as redes de food service estão avançando nesse sentido, tendo clareza de que o modelo de negócio tem que mostrar esses resultados na ponta”, afirma.

Metodologia

A Pesquisa Setorial ABF Food Service 2018 envolveu uma amostra representativa do segmento de Alimentação. Participaram do estudo 74 marcas, correspondendo a 46,19% do total de unidades e a 45,07% do faturamento das redes associadas deste segmento em 2017, que somou R$ 34,700 bilhões. Este total equivale a 81% da receita de R$ 42,816 bilhões registrada pelas 742 redes de alimentação atuantes no Brasil ano passado.