Amigos de jovem encontrado em lago da Pedreira fazem revelações e polícia descarta homicídio

por Daniela Borsuk
com informações de Bruna Froehner, da RICtv
Publicado em 16 ago 2022, às 14h33.

Pelo menos cinco jovens, amigos do universitário Phelipe Francisco Lourenço, estão sendo ouvidos pela Polícia Civil na manhã desta terça-feira (16). Eles estão prestando depoimento para ajudar a polícia a elucidar o que aconteceu com Lourenço até o momento em que ele foi encontrado caído em um lago da Pedreira Paulo Leminski, em Curitiba, após um show no sábado (13). Novas imagens e o depoimento de outras pessoas fez com que a delegada Tathiana Guzella descartasse a hipótese de homicídio no caso.

De acordo com o advogado da família do jovem, Nilton Ribeiro, os amigos estão muito abalados pela morte de Lourenço e relataram que a vítima não tinha se envolvido em nenhuma briga ou discussão no evento.

“Estão bastante emocionados ainda, todos enlutados, mas estão dizendo que o Phelipe é um bom moço, que ele não teve entrevero com ninguém, em que pese eles terem entrado de forma clandestina, me parece que eles não fizeram pagamento na entrada, eles entraram, mas não teve nenhum problema, nenhum atrito entre eles e seguranças, bombeiros ou organizadores”,

explicou o advogado.

A delegada Tathiana relatou ainda que há a suspeita de que o jovem possa ter consumido drogas no evento, conforme o relato de um dos amigos.

“No celular de um destes amigos ele tem mensagens solicitando que o Phelipe traga drogas, sem especificar qual, mas em suas declarações ele fala que a droga é MD. Então nós temos ali uma possibilidade do Phelipe ter usado entorpecentes, mas claro, toxicológico ainda está pendente”,

descreveu a delegada.

Durante esta terça-feira, outros cinco amigos de Lourenço devem ser ouvidos. De acordo com a delegada Tathiana, um dos jovens que dará depoimento nesta tarde foi o último a conversar com o jovem antes de ele ser encontrado inconsciente.

“Há confirmação que ele ingeriu bebida alcoólica por mensagens que ele mesmo enviou durante a festa, também os próprios amigos confirmaram esta ingestão, que não seria razoável não haver esta ingestão em um open bar, e esse indício de consumo de drogas também consta no inquérito policial”,

informou Tathiana.

Além disso, o celular da vítima, que foi levado por familiares para o conserto por estar molhado, conforme o advogado Ribeiro, deve ser entregue na delegacia para a realização de perícias. Serão analisadas trocas de mensagens e registros de conversas do universitário.

Novas imagens

Além das imagens de câmeras de segurança que foram divulgadas nesta segunda-feira (15), a Polícia Civil teve acesso a novos vídeos que mostram um ângulo inexplorado até então. Nas imagens, amigos de Lourenço pulam outra cerca do complexo Parque das Pedreiras, que dá acesso ao lago da Ópera de Arame, onde o jovem foi encontrado caído.

“Essas imagens são de suma importância, primeiro por que não é do evento, e sim da Ópera de Arame, ou seja, lá embaixo. Segundo, essas imagens demonstram que as pessoas que retiraram o Phelipe – estavam em um grupo de homens que foram correndo assim que o zelador que viu ele subindo lá pra cima encontrou ele – foram correndo na busca do salvamento. Uma pessoa que quer matar a outra não sai a disparada, correndo risco de cair no portão […] buscando a continuidade da vida do Phelipe. E isso cai por terra qualquer possibilidade da gente estar diante de um homicídio”,

ressaltou a delegada.

Veja o vídeo:

(Vídeo: Reprodução/ RICtv)

“A única pessoa que visualiza o Phelipe ir para a parte de cima, onde está a tirolesa e o mirante, é o zelador, um rapaz que trabalha com a função de desligar as luzes. É a mesma pessoa do qual o Phelipe, em torno de 10 minutos antes, abraça ele e diz ‘vamos comer!’, eufórico, feliz e educado. […] Aí ele conduz o Phelipe até o portão e diz ‘olha, a festa já acabou, não tem mais lanche aqui dentro, ele diz que o Phelipe foi muito educado, e ele vai seguindo as coisas que ele tem que fazer, desliga os equipamentos e quando ele está saindo, ele visualiza de longe aquele mesmo rapaz [Phelipe] subindo para aquele lado da tirolesa. E aí ele interfona para os demais, inclusive os organizadores do evento, e informa ‘uma pessoa subiu na tirolesa’ e todos se dirigem para lá com celulares ou com lanterna. Eles procuram e não encontram ninguém, descem para a administração do outro lado e não acham ninguém”.

A delegada contou ainda que o zelador insistiu nas buscas, imaginando que Lourenço pudesse ter caído no lado, e acessou imediatamente a área da Ópera de Arame, com o auxílio de uma pequena lanterna, e encontrou a vítima no local. Apesar do zelador ter medo de nadar, entrou no lago e retirou o jovem inconsciente. Tathiana afirmou que, com as informações apuradas, a hipótese de homicídio está sendo descartada completamente pela polícia.

Sobre um vídeo anterior em que Lourenço aparece entrando clandestinamente na Pedreira por volta das 23h40 de sábado, em que um homem o ajuda a passar pela grade do parque, os amigos afirmaram que não conhecem a pessoa que deu ‘pézinho’ para o jovem.

Até o momento, a Polícia Civil afirma que a morte de Phelipe Francisco Lourenço tenha acontecido de forma acidental. A causa da morte do jovem foi apontada pelo médico legista do Instituto Médico Legal (IML) como afogamento. No entanto, a família do universitário questiona marcas vermelhas que foram encontradas nos braços e ao redor do pescoço da vítima.

“Ainda tem uma questão importante que são aqueles vermelhidões no pescoço, o laudo de necropsia vai ter que explicar o que é isso. Em que pese o médico legista já ter dito que a causa morte foi afogamento, nós precisamos eludir a dúvida ao momento imediatamente anterior. Alguém jogou ele? Alguém causou estes vermelhidões? É isso que nós precisamos descobrir, é isso que a família quer esclarecer”,

argumentou o advogado Ribeiro.

Ainda nesta semana, serão ouvidos um vendedor ambulante, um socorrista e uma pessoa responsável pelas câmeras de segurança.

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