Envolvidos foram detidos durante a Operação Hashtag. Suspeitos vão responder pelos crimes de promoção de organização terrorista e associação criminosa
O Ministério Público Federal (MPF) em Curitiba denunciou, nesta sexta-feira (16), oito pessoas investigadas por atos de recrutamento e promoção de organização terrorista identificadas antes da realização dos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro.
Os denunciados, investigados no âmbito da Operação Hashtag, são Alisson Luan de Oliveira, Leonid El Kadre de Melo, Oziris Moris Lundi dos Santos Azevedo, Israel Pedra Mesquita, Levi Ribeiro Fernandes de Jesus, Hortêncio Yoshitake, Luís Gustavo de Oliveira e Fernando Pinheiro Cabral.
Os suspeitos vão responder pelos crimes de promoção de organização terrorista e associação criminosa. Alisson Luan de Oliveira, Leonid El Kadre de Melo, Oziris Moris Lundi dos Santos Azevedo, Israel Pedra Mesquita e Hortêncio Yoshitake também são denunciados por incentivo de crianças e adolescentes à prática de atos criminosos. Já Leonid El Kadre de Melo, vai responder também por recrutamento para organização terrorista.
O MPF solicitou ainda a prisão preventiva dos oito denunciados e requereu a aplicação de medidas alternativas aos outros seis investigados pela Operação Hashtag até o fim das investigações policiais. Um dos suspeitos teve o pedido de prisão temporária prorrogado.
Segundo o procurador da República Rafael Brum Miron, o oferecimento da denúncia juntamente com a postulação de prisão preventiva dos denunciados demonstra o risco que eles ofereciam e ainda oferecem à sociedade, solidificando as preocupações iniciais das autoridades policiais.
As investigações apontam que alguns dos envolvidos chegaram a noticiar a realização do “batismo” ao Estado Islâmico, conhecido como “bayat” – juramento de fidelidade exigido pela organização terrorista para o acolhimento de novos membros. Também foram identificadas mensagens de celular relacionadas à possibilidade de se aproveitar o momento dos Jogos Olímpicos para a realização de ato terrorista (inclusive com diálogos sobre como confeccionar bombas caseiras).
“Estes atos, aliados a uma série de provas levantadas durante a investigação demonstraram a necessidade da decretação das prisões e, posteriormente, de suas prorrogações”, apontou a Procuradoria em nota.
Relembre o caso
Doze dos envolvidos na investigação foram detidos no mês de julho, duas semanas antes da abertura da Olimpíada, e encaminhados para a Penitenciária Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, tendo em vista o risco de sua atuação durante os jogos. Outros três foram presos em fases seguintes da mesma investigação.
O grupo, integrado por brasileiros, vinha sendo monitorado há algum tempo – principalmente após as autoridades brasileiras receberem um relatório do FBI americano sobre os envolvidos.
Os suspeitos foram presos em nove estados (Paraná, Amazonas, Ceará, Paraíba, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul). Por meio de quebras de sigilo telefônico, as autoridades rastrearam redes sociais, sites acessados e as mensagens trocadas entre o grupo pelo aplicativo Telegram. Foi constatada uma intensa comunicação entre eles, conclamando interessados a se organizar para prestar apoio ao Estado Islâmico, inclusive com treinamento já em território brasileiro.