por Caroline Maltaca
com supervisão de Rodrigo Sigmura

De um morro próximo ao bairro em que morava, em Rio Negro, ainda quando criança, ao Monte Everest, hoje, Moeses Fiamoncini se dedica ao sonho de se tornar o primeiro brasileiro a escalar todas as montanhas do mundo com mais de 8 mil metros de altura. O paranaense, de 42 anos, contou que apesar da escalada sempre ter sido algo especial em sua vida, foi durante a sua mudança para Portugal, que ele deu início ao projeto “Himalaias 8.000”.

Ao todo, existem 14 montanhas no mundo com essa altitude. Pelo projeto, Moeses já escalou duas delas: a K2, no Himalaia, e a Nanga Parbat, no Paquistão. Além dessas, o paranaense também enfrentou a Manaslu e a maior de todas: o Monte Everest. Porém, em ambas utilizou o oxigênio para ver como seu corpo reagiria a tal altitude. Com a experiência adquirida, o montanhista pretende repetir a aventura, mas agora sem o equipamento.

De acordo com Moeses, o que lhe motiva a conquistar o recorde, até então conquistado por 19 montanhistas de diferentes países, menos do Brasil, é a sua paixão e admiração pelas montanhas.

“Mais tarde cheguei nos Andes e comecei a escalar alguns vulcões. Minha conexão com a montanha só aumentou e passei a investir todos os meus recursos em viagens onde eu pudesse escalar. Eu as amo, admiro, respeito e é o tipo de ambiente onde mais me sinto conectado a natureza”,

disse o paranaense.

O objetivo de Moeses é escalar as 14 montanhas até dezembro de 2023. Ele garante que ao conseguir cumpri com o desafio, será uma grande realização pessoal.

Persistência e resiliência

De acordo com Moeses, embora o Everest seja a montanha mais alta do mundo, ela não exige grandes técnicas. Ele explica que a dificuldade é justamente por ser muito alta e quanto mais alto, menos oxigênio.

“Entretanto, com preparo físico e especialmente psicólogo, é possível chegar a seu cume sem grandes percalços nos dias de hoje, com toda tecnologia que temos em equipamentos e vestuário”,

comenta Moeses.
Foto: Arquivo Pessoal

Ao ser questionado sobre o preparo físico e mental necessário para tal empreitada, o paranaense responde de forma clara e objetiva: “o melhor treino para escalar e subir montanhas é escalar e subir montanhas”. Atualmente, Moeses, fundador da Vertex Trek, trabalha justamente acompanhando grupos em escaladas pelos continentes da América do Sul, Ásia e África. Segundo ele, a maior dica que ele dá a quem deseja encarar o desafio de perto é entender que “podemos chegar aonde quisermos”.

“A maioria dos sonhos fica somente no campo das ideias das pessoas e não se materializa, porque elas não colocam sua energia nele. Eu sei que essa fala parece clichê e que está em todos os livros de autoajuda, mas o clichê muitas vezes funciona”,

afirma Moeses.

Projetos em Curitiba

O montanhista explica que, ao final do projeto, ele planeja desenvolver ações sociais em escolas de Curitiba, começando pela periferia da capital, onde ele mesmo estudou. A ideia é promover palestras para as crianças e instalar pequenos boulders de escalada em escolas municipais. Isso porque, segundo ele, é importante falar sobre a relevância do esporte em nossas vidas.

Foto: Arquivo Pessoal

Moeses estima que o custo total do Projeto Himalaias 8000 fique em torno R$ 1 milhão. No momento ele busca patrocínio para realizar o circuito e realizar a ação social.

“Estou convicto de que com a conquista das 14 montanhas, mais o fato da escalada em boulder estar agora nas Olimpíadas, eu conseguirei apoio para executar esse projeto”,

finalizou o montanhista.

26 mar 2022, às 18h35. Atualizado às 18h40.
Mostrar próximo post
Carregando