Vida acelerada: Por que trabalhamos mais e mais?
A vida anda muito acelerada e parece que nunca estamos em velocidade suficiente. Tem sempre alguém nos ultrapassando, por mais que aceleremos. A frustração, resultado da lacuna entre expectativa e realidade, parece cada vez mais recorrente. Os processos estão mais automatizados, mas mesmo assim, parece que somos mais demandados.
Virgilio Marques dos Santos, um dos fundadores da FM2S, doutor, mestre e graduado em Engenharia Mecânica, dá dicas sobre como lidar com o dia a dia e como dividir a atenção entre carreira, família e vida pessoal.
“Primeiro, precisamos aceitar: temos que reaprender a viver. Na minha experiência, muita coisa mudou quando minha filha nasceu. Eu, que acordava às 5 e dormia às 23 quase todo dia, para malhar e chegar cedo ao trabalho, me peguei diferente. Por mais que goste de malhar e trabalhar, a Mafê passou a ser minha prioridade. Aprendi que chegar às 8h30, depois de brincar com ela pela manhã, pode ser muito mais produtivo do que chegar às 7h00 e não vê-la acordar. Ao final do dia, reuniões que se estendiam facilmente até às 20h00 passaram a terminar às 18h00. E pasmem, minha capacidade de produzir ficou a mesma, senão maior”, comentou.
Ele afirma que um pouco mais de foco, planejamento e eliminação de tarefas que não agregam valor são importantes para entender que muita coisa que fazemos pode ser eliminada, automatizada ou delegada. Santos destaca que a frase “sozinho vou rápido e juntos vamos longe” nunca fez tanto sentido.
“Ficou claro que ler o jornal diariamente caiu de prioridade. O mesmo com assistir a séries e televisão. Nesse quesito, substituí meus programas prediletos por Patrulha Canina, Peppa Pig, João Comilão, Shwan The Sheep, entre outros. E, acompanhar as séries infantis com a Mafê é quase um detox do mundo dos sinais que vivemos. Em casa, consegui acessar o celular depois das 19h00 somente em casos especiais. Ou seja, tudo que puder esperar até o dia seguinte, esperará”, explicou.
Segundo o engenheiro, se comparar a vida dele com a de alguns amigos solteiros e sem filhos, é visível que ele trabalha menos e que eles podem estar alcançando resultados mais proeminentes que os deles, mas tudo bem. “Sem problemas. Aprendi a entender que não sou mais o super homem millennial que o marketing dos anos 00 desenhou para mim. Sou mais um cara, como diria o poeta”, compara.
Ele ainda lembra que fazia mais e mais porque deixava para pensar em ter mais tempo para minha família mais tarde. “O colegial é chato, mas na faculdade… ah, a faculdade é só fugir das DPs e estudar, mas no estágio eu estarei tranquilo. Depois, é quando efetivar, for promovido, virar gerente, sócio, aposentar, morrer. Sob esta ótica, vale a pena repensar, não é mesmo?”