'A Queda do Governador - Parte Um' mantém o nível em The Walking Dead

A capa e o icônico tapa olho do Governador (Foto: Ana Bubola)

Terceiro livro da série é mais violento que os anteriores e traz adversários complicados para o Governador

Continuamos com a saga The Walking Dead. Dessa vez, é hora de comentar sobre o livro A Queda do Governador – Parte Um – Jay Bonansinga, Robert Kirkman, Galera Record, 2013 – obra que começa a detalhar o fim do reinado do Governador em Woodbury e apresenta personagens já conhecidos e amados pelo grande público (principalmente para quem acompanha a série na televisão e quadrinhos), como Rick, Glenn e Michonne.

Talvez seja nesse livro que a série literária passa realmente a ter contornos doentios e assustadores. Com certeza, o inferno não é páreo para tudo que acontece em A Queda do Governador – Parte Um. Aqui, os zumbis não são mais o foco na história. Claro, continuam sendo importantes, mas agora temos algo similar ao que vemos na TV: uma verdadeira guerra entre grupos de sobreviventes, cada um fazendo o que for necessário para manter a ordem e sanidade em dias insanos e cruéis.

Novamente, a pequena cidade de Woodbury é fundamental no enredo, já que o próprio Governador (Philip Blake) enxerga a comunidade como a salvação para o apocalipse zumbi. Assim, em muitas de suas atitudes ele usa a justificativa de que precisa garantir o bem-estar de todos que ali vivem. E quando Rick, Glenn e Michonne, sempre com sua espada katana, chegam à Woodbury, o Governador suspeita que eles estejam ali para saquear a cidade e atrapalhar seus planos.

Nesse meio tempo, Lilly Caul passa a ter um relacionamento com o jovem Austin Ballard, o que, de maneira perigosa, a faz desviar um pouco o foco do apocalipse, enquanto a ligação entre o Governador e o trio recém chegado à Woodbury fica cada vez mais intensa e sanguinária.

Para quem não se incomoda com cenas de tortura e tem um estômago forte, o livro é perfeito. Jay Bonansinga se aprofunda muito bem na relação entre o Governador, Rick e Michonne (Glenn tem um papel um pouco mais secundário), personagens que têm seus interesses próprios e que, se necessário, apelam para métodos desumanos, sem nenhum ressentimento.

Aqui, temos um elemento que explica muitas das ações do Governador. Ele tem plena convicção de Rick e companhia vivem em um local até mais seguro do que Woodbury, e a sensação de que precisa descobrir a localização desse lugar é mais forte do que ele. Na série televisiva, a relação entre esses personagens também é muito forte, mas no livro ela é mais trabalhada e cheia de detalhes, com alguns acontecimentos diferentes que moldam o Governador psicótico e sem limites que aparece principalmente no livro seguinte da série de Jay Bonansinga.

Acredito que a decisão do autor, de separar o fim de Philip Blake em duas partes, foi mais do que acertada. Um personagem como o Governador é muito complexo, e para isso é preciso mais tempo e atenção para entender claramente sua personalidade e motivações, daquele que talvez seja o vilão mais importante de The Walking Dead.

A Queda do Governador – Parte um é uma obra cheia de torturas e que mostra perfeitamente como o ser humano pode agir quando está tomado totalmente por um ódio mortal. As partes de ação ficaram reservadas mais para a sequência desse livro, A Queda do Governador – Parte 2, que traz embates em tanques de guerra e trocas de tiros que parecem não ter fim. Mas tudo isso fica para a próxima semana.

2 set 2018, às 00h00.
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