Às margens do Lago, uma canção se fez

O sol descamba no horizonte deixando um colorido todo especial. Na grama, pessoas reunidas conversam animadamente ouvindo melodias perfeitas como jazz, blues, samba sem esquecer os clássicos, aquelas composições que ultrapassam as barreiras do tempo e nos fazem sonhar. Ao fundo, num deque que fica na margem do lago, artistas mostram seus trabalhos e regozijam de alegria ao avistar público tão específico banhado pelo sol da tarde que morre espalhando raios de vida a todos os presentes.

Ao ler este parágrafo, você pode pensar que estou descrevendo uma pintura, ou um parque europeu, mas não. Esta é a realidade de Guarapuava, mais especificamente do Parque do Lago da cidade. O idealizador de tudo isto, um homem simples, de fala mansa, mas de ideias brilhantes e voltadas ao social, Mauro Biazi.

Jornalista, escritor, fotógrafo e sem limites para sonhar, Mauro conta que há muito tempo viu um músico saxofonista no Parque do Lago que executava suas peças para três ou quatro pessoas que ali estavam. Ele lembra que guardou consigo aquela imagem e seguiu seus projetos jornalísticos que há muito desempenha e também de literatura e fotografia.

Tempos depois, a ideia do músico quase que solitário e despretensioso, novamente invadiu a alma sensível do também artista que, de pronto e sem muito pensar, resolveu criar um espaço para as apresentações musicais e atividades culturais às margens do Parque do Lago, um dos locais mais bonitos de Guarapuava e, por isso, mais registrado em palavras e imagens da cidade.

“Em dezembro do ano passado, eu estava no Parque do Lago caminhando e, do nada, tive a ideia de materializar aquilo que eu vi há anos. A ideia era a de pôr músicos à beira do lago tocando para as pessoas que ali passavam. Uma forma de entretenimento e cultura para todos”, destaca.

Mauro conta que imediatamente após ter a ideia entrou em contato com um amigo músico e falou do projeto que, segundo ele, foi encampado de imediato. “Ele topou na hora o meu convite e, naquele domingo mesmo, fomos ao Lago só com o instrumento, sem aparato de som algum, e pusemos em prática a ideia. As pessoas começaram a parar para contemplar o espetáculo e, a partir de então, o projeto que começou de forma muito simples, foi crescendo e tomou a dimensão em que está hoje”, recordou.

Usando a internet como ferramenta de divulgação e de interação, a partir daquela apresentação, o idealizador do projeto “Tardes Musicais” relata que muitos talentos da cidade manifestaram interesse em participar se apresentando sozinhos ou em grupos. Através de vídeos enviados pelos artistas, Mauro passou a ordenar as apresentações em uma agenda que mês a mês mantém-se lotada.

Com a adesão total dos artistas e do público que passou a ver nas tardes de domingo uma oportunidade de disseminar e beber a cultura direto da fonte, o idealizador sentiu a necessidade de fazer uma campanha onde pedia ajuda das empresas da cidade para a aquisição de equipamentos de sonorização. Mais uma vez o jornalista viu as portas abertas ao seu projeto e conta que em pouco tempo foi possível comprar equipamentos novos através da colaboração dos patrocinadores. “Guarapuava tem muitos talentos. Este projeto é uma vitrine onde estes talentos têm espaço para mostrar seus trabalhos. A partir das apresentações, surgem novas oportunidades para os artistas e é isto o que interessa. Os moradores daqui, sem pretensões, sentem orgulho do lugar onde vivem. A arte é responsável por aguçar a sensibilidade e fazer com que todos nós vejamos as coisas com clareza e com muito mais alegria. Eu agradeço de coração aos patrocinadores, pois sem eles, nada disso seria possível”, discorreu Mauro.

Autor de vários livros, sendo que um deles, “Guarapuava Escrita em Imagens”, que foi vendido em vários países, Mauro reitera que a intenção, juntamente com os artistas e a comunidade, é transformar o Parque do Lago num reduto cultural de referência para o país. Nos últimos meses, ele foi procurado pela imprensa nacional várias vezes para dar entrevistas e viu seu projeto destacado em muitas publicações. A ideia agora, de acordo com Mauro, é compor uma canção coletiva homenageando o Parque do Lago. Através deste trabalho, ele acredita que muitas outras oportunidades surgirão e, mais uma vez, a cidade se firmará como polo de cultura. “A ideia de criar uma canção coletiva para o Lago surgiu de forma espontânea também. Já sentamos com artistas e temos aproximadamente trinta por cento dela pronta. Isto é mais um motivo de alegria, pois acreditamos que estamos no caminho certo e a adesão das pessoas nos faz sonhar cada vez mais alto”, finalizou.

12 abr 2014, às 00h00.
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