As pesquisas eleitorais não refletem a realidade

Alex Kunrath é consultor sênior da IDATI Soluções Comerciais (Foto: Arquivo pessoal)

Com uma base sólida de conhecimentos teóricos e práticos, o Consultor Sênior da IDAti Alex Kunrath é um dos articulistas mais lidos da internet brasileira e referência em processos de Consultoria e Treinamento no país.

Eleições 2018: Diagnóstico 08/2018

Diante de tantas pesquisas eleitorais com alta margem de erro, resolvemos fazer uma análise de fenômeno na demanda online sobre os candidatos. Para tanto, utilizamos a ferramenta de pesquisa online do Google Trends. Nessa metodologia, se analisa o comportamento online das pessoas em detrimento das pesquisas tradicionais onde as mesmas são questionadas sobre suas preferências.

Um breve histórico que embasa essa técnica, confira! 

2014 – Eleições para presidente no Brasil: Aécio Neves versus Dilma Rousseff (jan – dez) 

Nesse primeiro gráfico vemos um domínio majoritário histórico de interesse pela então candidata Dilma Rousseff em 2014:

Volume de pesquisas: Aécio (azul) x Dilma (vermelho)

 Sua predominância às vésperas das eleições foi consolidada segundo essa demanda, o que se confirmou nas urnas na eleição mais acirrada da história brasileira:

Demanda acerca o segundo turno (19 out – 25 out): Aécio 51 e Dilma 62 pontos

Agora, uma segunda análise, em um lapso temporal mais próximo ao nosso momento, dos movimentos referentes às eleições americanas:

 

Volume de Pesquisa: Trump (azul) x Clinton (vermelho)

 

Percebe-se por este gráfico que o atual presidente Donald Trump se manteve por todo o ano de 2016 à frente da candidata Hillary Clinton. Já as pesquisas eleitorais tradicionais apontavam uma vitória fácil da candidata Democrata, o que se provou equivocado.

O que podemos dizer acerca essas pesquisas de demanda online: Os mecanismos de aferição comportamental online demonstram mais coerência com os resultados estimados para eleições do que as pesquisas tradicionais. Leitor, por favor, não encare essa como uma previsão absoluta. Trata-se de uma estimativa de validade das pesquisas tradicionais utilizadas hoje para aferição de preferências, seja de eleitores ou consumidores.

E nossa intenção é demonstrar que as pesquisas tradicionais estão obsoletas, já que seus números não tem sido respaldados nas pesquisas comportamentais online. 

Portanto, vamos à análise do cenário brasileiro ATUAL (29/08/2018):

Nesse gráfico consideramos a competição entre os 5 principais presidenciáveis. O candidato Jair Bolsonaro (azul) tem demonstrado sua liderança na demanda online, sendo que o candidato João Amoedo (vermelho) está com uma tendência de crescimento acentuado há 15 dias.

Demanda por termos de pesquisa: Nome dos Candidatos

No dia 22 de agosto de 2018 o Datafolha apresentou uma pesquisa eleitoral feita nos dias 20 e 21 de agosto. Vamos ao comparativo (lembrando que uma pesquisa online não contabiliza votos brancos, nulos e abstenções):

 

Comparativo Datafolha x Demanda Online

No segundo cenário substituiremos Marina Silva e Alckmin (menores coeficientes relativos) por Fernando Haddad e Álvaro dias (a pesquisa online apenas suporta 5 candidatos nessa ferramenta):

Candidatos substituindo Marina e Alckim por Haddad e Alvaro Dias 

As discrepâncias entre as estimativas das pesquisas tradicionais e as de demanda online são latentes. Vamos seguir a análise, agora com um cenário envolvendo apenas os candidatos Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva, apesar do candidato petista ter chances remotas de seguir em sua campanha devido à sua situação legal: 

Bolsonaro (azul) 35 x Lula (vermelho) 48

Lula tem 48 pontos de demanda online e Bolsonaro 35. O Datafolha apresenta Lula com 39% das intenções de voto enquanto Bolsonaro, em um cenário com Lula, teria apenas 19% das intenções de voto, em uma discrepância clara com a realidade da demanda online.  

Diante dos fatos expostos, seguem as conclusões da análise: Jair Bolsonaro tem mais intenções de voto do que apontado pelas pesquisas tradicionais. João Amoedo está apresentando um crescimento exponencial, que poderá ou não se manter nas próximas análises, ganhando relevância no pleito.

Até o momento, Ciro Gomes é a maior força da esquerda dentre os candidatos regulares Geraldo Alckmin, nesse momento anterior ao início do Horário Eleitoral Gratuito, não é um candidato relevante. Caso Lula consiga se tornar candidato, será líder das pesquisas, porém com um percentual de diferença muito menor que o apresentado pelas pesquisas em relação ao candidato Jair Bolsonaro.

Caso confirmada a ilegalidade da candidatura de Lula, Ciro Gomes será o maior beneficiado automático. Obviamente, esse cenário dependerá da capacidade de transferência de votos de Lula para Haddad no Horário Eleitoral. Os Institutos de Pesquisa Tradicionais não estão conseguindo aferir a realidade do pleito nacional.

Nota do Autor: Nessa exemplificação ficam claras as discrepâncias entre o comportamento efetivo e as respostas condicionadas em uma pesquisa tradicional. Isso se deve ao fato de nem sempre nos comportarmos como falamos. Na verdade, quando um indivíduo é exposto à uma pesquisa tradicional, diversos fatores racionais são ativados, tais como ambiente, tom de voz do entrevistador e a escolha em optar por uma preferência que pareça mais razoável socialmente.

95% do nosso comportamento é emocional e instintivo. Apenas 5% racional.

Quer aprender mais sobre isso? www.idati.com.br/educacao

 

29 ago 2018, às 00h00.
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