Por Tarek Amara e Angus McDowall

TÚNIS (Reuters) – A Tunísia entrou em sua pior crise em uma década de democracia nesta segunda-feira, após o presidente Kais Saied destituir o governo e suspender o Parlamento, com a ajuda do Exército, uma medida denunciada como um golpe pelos principais partidos, incluindo os islâmicos.

Essa decisão acontece após meses de impasse e disputas que colocaram Saied, um político independente, contra o primeiro-ministro Hichem Mechichi e um Parlamento fragmentado, com a Tunísia cada vez mais afogada em uma crise econômica exacerbada pela pandemia de Covid-19.

O presidente do Parlamento, Rached Ghannouchi, líder do partido moderado islamita Ennahda, que teve um papel em sucessivas coalizões, criticou a medida como um ataque à democracia e convocou os tunisianos a irem às ruas em oposição.

Apoiadores e adversários do presidente atiraram pedras entre si no lado de fora do Parlamento na manhã desta segunda-feira, causando ferimentos –um homem pôde ser visto sentado na rua sangrando na cabeça. Os bônus em moeda forte da Tunísia despencaram.

O Exército, que ainda não comentou as medidas de Saied, deslocou-se ao palácio do governo em Kasbah e impediu funcionários de entrarem no prédio nesta segunda-feira. Tropas também cercaram o Parlamento e impediram a entrada de Ghannouchi.

Em um comunicado no fim de domingo, Saied evocou a Constituição para destituir Mechichi e um decreto para suspender o parlamento por 30 dias, dizendo que governaria ao lado de um novo premiê.

Mechichi –também um independente– estava em casa e não estaria detido, segundo uma fonte próxima a ele e duas fontes de segurança tunisianas.

(Por Tarek Amara e Mohamed Argoubi em Túnis)

((Tradução Redação São Paulo, 5511 56447702)) REUTERS AC

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26 jul 2021, às 11h34. Atualizado às 11h35.
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