“A obra tem que ser um marco, um exemplo que existe de melhor na época e indicar um caminho a sociedade,” as palavras são do arquiteto Caio Smolarek, responsável pela obra do prédio da AMIC (Associação de Microempresas e Empresas de Pequeno Porte do Paraná) que é a primeira construção de Cascavel reconhecida internacionalmente como construção verde. Esta é a segunda obra com a certificação LEED nível Platinium na região Oeste do Paraná.

Uma obra complexa que foi executada por profissionais da nossa região. Com o olhar na sustentabilidade o prédio é auto suficiente para se manter durante todo o ano com a energia que ele mesmo produz. O projeto foi construído e executado extraindo ao máximo os elementos a sua volta, como a água, vento e luz. Além disso, fatores climáticos da nossa região como o frio intenso e o verão com altas temperaturas foram pensadas como ponto máximo da obra.

“ Nós tivemos uma preocupação muito grande de resolver os problemas de sustentabilidade com o nosso clima. Então, por exemplo a estrutura da obra, ela foi feita em pré-moldado, que é uma tecnologia que nós temos muito difundida aqui na nossa região oeste. Todo o piso, ele foi feito com porcelanato, que também é um material que nós temos em abundância que praticamente todas as paredes são feitas em alvenaria de tijolo, que também são, é um material que nós temos aqui. Então, nesse ponto de vista, o projeto já foi pensado para diminuir ao máximo essa dificuldade de obra, porque nós sabíamos que pelo outro lado a gente teria um alto grau de complexidade na questão do dos brises que são aqueles elementos que estão na frente dos vidros pra barrar o nosso sol, que é muito forte no verão” 

Caio Smolarek – arquiteto responsável

Cascavel é uma cidade arquitetônica, e uma das preocupações do arquiteto foi compor todos os elementos técnicos dentro de um design que case com o município, levando em consideração o fator sustentabilidade e conforto. 

“Nós buscamos geometrias e materiais que são tradicionais da nossa região e que tem a cara de Cascavel e nós queríamos, então, fazer dessa edificação, uma homenagem utilizando a linguagem atual com a tradição da arquitetura em que que nós temos aqui, que no meu ponto de vista, é uma arquitetura rica, tradicionalmente falando”

Caio Smolarek – arquiteto responsável

Não há como falar de sustentabilidade, sem lembrar do verde, dos parques, das árvores e   jardins. Por isso, além de se preocupar com a auto suficiência da obra em si, o exterior precisou ser moldado para representar em vida o que está sólido. 

Uma obra de encher os olhos por seus traços, mas acima disso, o empreendimento precisou ser pensado no conforto comum para as pessoas que vão trabalhar e também frequentar o local, a organização de cada espaço foi analisada, calculada e executada.

“Nós colocamos todas as áreas que são áreas de infraestrutura da edificação, voltada para o Oeste, que é o sol da tarde. Os banheiros, copa, escadas, e coisas desse tipo, ficaram, então, pra essa fachada do sol da tarde. E elas criaram, então, uma barreira para toda a área de de estações de trabalho, que é uma fachada toda em vidro.”

Caio Smolarek – arquiteto responsável

Além de ser um marco para a cidade, a obra traz um novo viés, quando o assunto é o mercado de edifícios eficientes e inteligentes. É uma amostra que é possível planejar e executar uma obra dessa magnitude, aliando o projeto arquitetônico com o estrutural, equilibrando o ambiente interno e externo e levando consideração a questão ambiental, assim como explica Hallana Dallazen Ampolini, Arquiteta e Urbanista, e professora no curso Técnico em Edificações no CEEP, em Cascavel.

“Sua implantação comprova que é sim possível, planejar e executar uma obra, com um maior controle tecnológico de construção, aliado ao uso de tecnologias como o abastecimento fotovoltaico e o reaproveitamento de água da chuva. Entretanto, a certificação LEED não envolve somente o que a população geral tem acesso, que é os benefícios advindos da da edificação pronta. Há um controle de processos que a antecedem, onde o projeto arquitetônico e seus complementares como estrutural, elétrico e hidrossanitário que são elaborados e compatibilizados de forma simultânea. Todas as fases que envolvem uma construção são lapidadas e analisadas tanto pela equipe técnica que é autora do projeto, quanto pela comissão que analisa se o edifício, efetivamente se enquadra dentro dos critérios da certificação LEED” 

Hallana Dallazen Ampolini, Arquiteta e Urbanista, e professora no curso Técnico em Edificações no CEEP

O mercado imobiliário vem se desenvolvendo de forma sutil, mas perceptível, em Cascavel obras com preocupações sustentáveis começaram a se desenvolver em maior número de 10 anos para cá. A implantação de empresas com tecnologias sustentáveis no município alavancou a mudança de comportamento na execução de um projeto, que antes era de menor adesão pelos altos custos financeiros.

“ A população em geral já vem buscando os recursos de construções mais sustentáveis. Instalações de painéis fotovoltaicos e a reutilização das águas da chuva estão entre os sistemas que mais foram aplicados nas residências uni e multifamiliares na cidade. O próprio plano diretor da cidade, em sua última atualização, estabeleceu medidas que incentivam o uso inteligente dos recursos. Portanto, uma edificação pública que utiliza métodos autossuficientes só incentiva mais ainda que essa mudança de cultura na construção continue e a se expandir”

Hallana Dallazen Ampolini, Arquiteta e Urbanista, e professora no curso Técnico em Edificações no CEEP

Quesitos de sustentabilidade

No País, são 1.645 empreendimentos certificados LEED. Deste total, 65 são Platinum: 28 no Sul do Brasil, 18 no Paraná, sendo cinco em cidades do interior e, agora, dois na região Oeste do Estado. Este é o mais alto nível da certificação, que atesta sustentabilidade em edifícios no mundo.

O prédio da AMIC conta com geração de energia fotovoltaica e captação de água da chuva, geração de energia própria, automação completa do prédio, além do reuso de materiais de construção que foi feito em etapas previamente definidas, e materiais que diminuem o consumo de ar condicionado.  A economia de energia prevista é de 100%, o que equivale a uma economia anual de R$ 39.144,00, apenas em energia. 

A economia anual de água prevista é de 82%, o que equivale a R$ 8.957,00, além da redução da emissão de carbono em 100%. 

A obra teve 76,5% dos resíduos aproveitados, equivalente a 51 metros cúbicos. 

Inauguração

O prédio da AMIC PR (Associação de Microempresas e Empresas de Pequeno Porte do Paraná) será inaugurado na próxima segunda-feira (28), às 8h30.

Devido às restrições em relação ao Coronavírus, será realizada uma cerimônia restrita com presença apenas de autoridades políticas de Cascavel, diretoria e funcionários da entidade e ex-presidentes da instituição, além de parceiros da AMIC PR, que completou 37 anos no último dia 25 de maio.

27 jun 2021, às 12h06. Atualizado às 12h11.
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