por Redação RIC.com.br
com informações do Daily Mail

Pesquisadores italianos investigaram o ‘mimetismo’ humano ou o ‘efeito camaleão’, que consiste em, subconscientemente, um ser humano replicando as ações físicas de outro ser humano. Olhar para o seu telefone faz com que outras pessoas próximas façam o mesmo em menos de um minuto, revela um novo estudo.

De acordo com o Daily Mail, o estudo foi realizado com 184 pessoas, e metade replicou a ação de tocar e olhar para o telefone 30 segundos após um gatilho subconsciente, descobriram os pesquisadores. Os especialistas dizem que copiar o uso do smartphone é semelhante ao conhecido fenômeno do “bocejo contagioso”, quando um indivíduo boceja em resposta a outra pessoa o faz.

Os estudiosos afirmam que os mamíferos evoluíram para imitar subconscientemente o comportamento uns dos outros sem saber. A prática, em teoria, deve ajudar na formação de laços de grupo. No entanto, os pesquisadores afirmam que é improvável que olhar para um smartphone tenha qualquer benefício social em um grupo, porque é uma atividade tão isolada.

O estudo foi conduzido por uma equipe de especialistas em comportamento da Universidade de Pisa, na Itália, e envolveu 96 homens e 88 mulheres, todos observados entre maio e setembro do ano passado. 

“Nossas descobertas aumentam nossa compreensão sobre o mimetismo no uso de smartphones na escala social do dia a dia e indicam que o mimetismo pode estar na base do uso generalizado desses dispositivos em grande escala. O uso de smartphones pode aumentar o isolamento social por meio de interferência e interrupção de atividades em andamento na vida real”, dizem eles.

Os estudados, que desconheciam estar sendo observados para tais fins, eram pessoas conhecidas (familiares, amigos, conhecidos e colegas de trabalho) e desconhecidas dos pesquisadores. Eles foram observados em seus ambientes sociais naturais durante suas atividades diárias, como no trabalho, restaurantes, cinemas, academias, salas de espera, festas sociais, refeições sociais, parques públicos e ambientes familiares.

Os pesquisadores submeteram os participantes a duas condições diferentes. Na condição ‘experimental’, o experimentador usava seu smartphone mexendo e passando o dedo na tela, enquanto olhava para a tela por pelo menos cinco segundos. Na condição de controle, o experimentador usava seu smartphone mexendo e passando o dedo na tela – mas sem olhar para a tela.

Os participantes foram analisados em duas situações diferentes. (Foto: Freepik)

Essa pequena, mas crucial diferença entre as condições, permitiu aos pesquisadores entender se dar a atenção de alguém diretamente a um smartphone provoca mimetismo. Na condição experimental, 50% dos participantes olharam para o telefone 30 segundos após o acionamento, enquanto na condição de controle, apenas 0,5% o fizeram.

‘É prestar atenção ao telefone que ativa o mimetismo’, explicou a autora do estudo Elisabetta Palagi, da Universidade de Pisa, à New Scientist. “A maioria das pessoas é infectada pelo comportamento do telefone celular de outras pessoas, mesmo sem perceber”, disse ela.

Veronica Maglieri, outra das autoras do estudo, encontrou evidências de que a ação estava totalmente fora de seu controle consciente.

‘Uma mulher que estava sentada à minha frente em uma sala de espera me viu checar meu telefone e, em segundos, ela pegou o telefone e ligou para alguém e disse: “Ei, eu só queria ligar para você; não sei por quê, “’Maglieri disse ao New Scientist.

Curiosamente, o mimetismo tendia a diminuir durante as refeições sociais, sugerindo que quando temos algo mais importante para fazer, como comer, a vontade de pegar o telefone é menos forte.

‘Devido ao papel da comida como uma ferramenta para aumentar a afiliação social, é possível que durante a alimentação comunitária, as pessoas se envolvam em outras formas de mimetismo envolvendo expressões faciais e posturas em vez do uso de objetos’, disse a equipe.

Uma das limitações do estudo foi que ele foi conduzido durante a pandemia, o que provavelmente distorceu as condições normais, mas os pesquisadores afirmaram que não é possível saber se o comportamento está relacionado ao período anterior de isolamento social forçado. O estudo foi publicado no Journal of Ethology.

3 maio 2021, às 12h56.
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