Estratégia: "Velhas Novidades" - Michael Porter

Alex Kunrath acaba de entrar para o time de colunistas do Portal RIC Mais (Foto: Arquivo Pessoal)

Com uma base sólida de conhecimentos, tanto teóricos como práticos, conquistada em mais de 10 anos de consultoria, Alex Kunrath é um dos articulistas mais lidos do Brasil e referência em processos de Consultoria e Reestruturação Empresarial

Michael Porter está superado?

Sempre que a sociedade demonstra mudanças, surgem novos autores atacando a velha guarda da gestão, como foi o caso da enxurrada de ataques à Michael Porter pela falência de sua empresa de consultoria. Estarão certos ou serão apenas aproveitadores de oportunidades?

Este texto vai abordar alguns tópicos da Estratégia Empresarial de Michael Porter, desmistificando as “contribuições” feitas por novos autores à Administração.

Vamos começar: se você já leu autores atacando as teorias de Michael Porter, possivelmente já viu os mesmos defendendo “inovações” como as estratégias do Oceano Azul e da Cauda Longa. São abordagens inovadoras? A resposta é não.

Michael Porter definiu 3 posicionamentos genéricos para as organizações: (I) Custos, (II) Diferenciação e (III) enfoque:

(I)        Custos: busca do menor custo possível sempre, onde seu diferencial está na relação custo x benefício percebida pelo consumidor.

(II)       Diferenciação: seus produtos ou serviços possuem qualidades que seus concorrentes não possuem e dificilmente possuirão.

(III)      Enfoque: sua organização tem todas suas ações voltadas para um nicho de mercado desatendido (ou mal atendido) pelo mercado.

Vamos aprofundar um pouco nossa análise: A distribuição Normal

Imagine que a Normal demonstra também a ocorrência da Demanda e a respectiva presença de organizações para o atendimento desta. Podemos concluir que quanto mais nos posicionarmos nos extremos da Normal, menos incidente será a demanda e a respectiva oferta de soluções.

 

A cauda longa:

Vamos espelhar a cauda:

 

Acabamos de encontrar a normal. E onde está o Oceano Azul? Onde existir uma concorrência mínima. Agora a chave-de-ouro: onde existe menor concorrência? Enfoque. Nossos autores “inovadores” reescreveram Michael Porter!

O Modelo das 5 forças de Porter:

Analise o modelo das 5 forças como uma queda-de-braço entre concorrentes em um determinado mercado. Dependendo do seu posicionamento (visto acima), trabalhar constantemente a análise desse modelo pode ser a diferença entre a sobrevivência e a falência da sua organização.

Vamos trabalhar com um exemplo conhecido: Grupo Pão de Açúcar x Walmart

O Walmart é líder mundial no varejo com o posicionamento CUSTOS. Como empresas sediadas no Brasil barraram o avanço do líder mundial no país?

O Grupo Pão de Açúcar, que possui entre seu roll de empresas redes como o Pão de Açúcar, o Extra, a Ponto Frio, a Assaí e hoje fundido com a Casas Bahia, possui o maior poder de compra dentre todas as empresas do Brasil. O volume adquirido junto aos seus fornecedores é geometricamente superior ao do grupo Walmart no Brasil.

Qual grupo consegue comprar os produtos em melhores condições no país? Pão de Açúcar ou Walmart? Obviamente, pelo volume, o Pão de Açúcar.

Assim, o Grupo Pão de Açúcar diluiu o poder de barganha de seus fornecedores e criou uma barreira de entrada para um potencial concorrente (Walmart), diminuindo ainda o poder de barganha dos clientes.

Essa situação é um problema na estratégia global do Walmart? Sem dúvida. Hoje a rede Walmart está comprando diversos pequenos grupos varejistas no Brasil, buscando assim um maior volume de compras e um maior poder de influência sobre os fornecedores. Mas esse é um processo longo e o crescimento do Grupo Pão de Açúcar independe da estratégia adotada pelo Walmart.

Diante desses 2 exemplos apresentados (posicionamento estratégico e modelo de forças): É válido dizer que Porter está superado?

Então, por que a empresa de Michael Porter faliu? Caro leitor, os negócios não são independentes do ambiente externo das organizações e muito menos independentes do comportamento dos consumidores. O que determina o sucesso de uma organização hoje é sua capacidade de melhorar continuamente seus processos, criando diferenciais competitivos constantes em relação à concorrência e, principalmente, sua capacidade de se relacionar com seus clientes.

Não estamos em uma realidade onde apenas um modelo teórico é suficiente para orientar a estratégia de uma organização. Inteligência na área de negócios é a capacidade de unir diversas estratégias e modelos que permitam à organização cativar, manter e conquistar novos clientes hoje e no futuro. E dentre os modelos estratégicos que obrigatoriamente deverão ser analisados pelos executivos da sua organização, estão os de Michael Porter.

Os conteúdos abordados nessa coluna fazem parte do curso ESTRATÉGIAS COMERCIAIS AVANÇADAS: www.idati.com.br/cursoonline

PORTER NA ÁREA DE VENDAS:

 

Autor: Alex Kunrath, Consultor Sênior IDAti
alex@idati.com.br

19 jul 2018, às 00h00.
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