O delegado Adriano Chohfi, da Delegacia de Explosivos Armas e Munições, interrogou quatro pessoas ligadas a explosão que aconteceu em um apartamento de Curitiba, no último dia 29 de junho. Foram ouvidos dois sócios-proprietários da empresa responsável pela impermeabilização do estofado, um funcionário e a esposa de uma das vítimas, que estava trabalhando no momento da explosão.

Nos depoimentos, os sócios apresentaram versões parecidas. Entretanto, o outro funcionário alegou falta de equipamentos de segurança. A esposa, do funcionário atingido, declarou que o marido reclamava dos riscos dos produtos químicos utilizados.

Explosão apartamento Curitiba: sócios acreditam em faísca

José Roberto Porto Correa, de 33 anos, e Bruna Formankuevisky Lima Porto Correa, de 25, se apresentaram como sócios proprietários da IMPESEG- Higienização e Impermeabilização, empresa contratada para realizar a impermeabilização do estofado na residência localizada no Água Verde.

De acordo com os depoimentos, ambos acreditam que a causa da explosão tenha sido provocada por alguma faísca e descartam a possibilidade de mau uso dos produtos químicos, alegando grande experiência do funcionário (Caio Santos, contratado em setembro de 2018).

José Roberto também destacou que a empresa atua desde 2015 e nunca havia sido registrado nenhuma ocorrência como esta. O homem declarou que informou os funcionários que os produtos eram inflamáveis e perigosos. Além disso passou a orientação para que os avisassem os clientes no momento da aplicação sobre o risco e que deixassem os cômodos. Também disse pedia para que os trabalhadores usassem máscaras e luvas ao manusear os produtos.

O sócio proprietário também contou que era responsável pela parte operacional da empresa. Além disso, preparava uma mistura de produtos e colocava uma etiqueta da IMPESEG, antes de liberar os materiais aos funcionários.

Responsável pelo administrativo, Bruna contou que era fornecido todo tipo de equipamentos para a segurança dos funcionários.

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(FOTO: REPRODUÇÃO/ RICTV PR)

Explosão apartamento Curitiba: funcionário desmente proprietários

No depoimento de Heverton Gesse da Costa Skau, 24 anos, que era contratado da empresa há aproximadamente duas semanas, o homem revelou que a empresa não oferecia os equipamentos de segurança necessários. 

O jovem chegou a declarar que em um dia, após exigir pelos equipamentos, escutou como resposta “que o foco era a expansão da empresa e que não era o momento para adquirir”. O funcionário ainda revelou que não orientava os clientes sobre os riscos durante a aplicação dos produtos.

Logo após o acidente, Heverton contou que foi chamado por José Roberto para comparecer a um endereço na capital paranaense. Ao chegar lá, o sócio-proprietário pediu para ver os produtos, para constatar se o motivo da explosão não teria sido em razão do material utilizado.

Explosão apartamento Curitiba: esposa declara que marido reclamava dos riscos

A esposa de Caio Henrique dos Santos, que está internado após a explosão no apartamento, contou que o marido reclamava dos riscos de trabalhar com produtos químicos

No dia do acidente, Beatriz dos Santos Dias, de 21 anos, revelou que só ficou sabendo da explosão a tarde, quando Heverton foi até sua casa informar e pedir para ela comparecer ao hospital.

Vítimas da explosão em prédio de Curitiba

explosão do apartamento deixou quatro vítimas:

  • Mateus Lamb, de 11 anos, estava na casa da irmã e dormia em um quarto no momento da explosão. Com o impacto, ele foi arremessado pela janela do 6º andar, e caiu no térreo do prédio. A criança chegou a ser socorrida e encaminhada ao hospital, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital.

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    (FOTO: REPRODUÇÃO/ REDES SOCIAIS)

  • Raquel Lamb, de 23 anos, teve 55% do corpo queimado – ao contrário de 80% como havia sido divulgado anteriormente. No momento, Raquel permanece internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Universitário Evangélico Mackenzie em estado grave. Nesta segunda, a jovem passou por uma cirurgia de retirada de tecidos mortos e colocação de novos curativos;
  • Caio Santos, de 30 anos, era o técnico que trabalhava na impermeabilização na residência, e teve 65% do corpo queimado ao invés de 35%. Ele também passou por cirurgia de retirada de tecidos mortos e colocação de novos curativos nesta segunda e permanece internado em estado grave na UTI do mesmo hospital;
  • Gabriel Araújo, de 27 anos, marido de Raquel, teve 30% do corpo queimado, e é o único com estado de saúde considerado estável. Ele está internado em um quarto do Hospital Universitário Evangélico Mackenzie.

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4 jul 2019, às 00h00.
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