Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) -O Consórcio Nordeste anunciou nesta quinta-feira a suspensão do contrato para aquisição de 37 milhões de doses da vacina russa contra Covid-19 Sputnik V, apontando para as limitações impostas pela Anvisa para o uso do imunizante no Brasil e a decisão do Ministério da Saúde de não utilizá-lo.

A Sputnik V tem apenas uma autorização limitada de importação dada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aos nove Estados que fizeram contrato com os russos.

A agência autorizou a importação de aproximadamente 4 milhões de doses que poderiam ser usadas no Brasil, de forma limitada, desde que os Estados assinassem um compromisso de fazer estudos para verificar a segurança e a eficácia da vacina e levantar dados que, até hoje, o fabricante –Instituto Gamaleya– não forneceu, segundo a Anvisa.

Além disso, todos os lotes da Sputnik que chegassem ao Brasil teriam que ser testados pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), para que se verificasse a segurança e eficácia.

Em junho, a Anvisa aprovou a importação da Sputnik com 22 condicionantes. Na época, a decisão foi comemorada pelos governadores, que aceitaram o compromisso. No entanto, até o momento, apenas quatro dos nove estados assinaram o termo.

Uma fonte que acompanha o processo disse à Reuters que os governos estaduais, que passaram a negociar diretamente com os russos a entrega de documentos e informações necessárias para a realização dos estudos, também passaram a ter dificuldades de recebê-los, o que estaria impedindo o início dos estudos.

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, já afirmou que o governo federal não pretende incluir a Sputnik V no PNI por não haver mais necessidade, uma vez que o país já possui contratos para aquisição de vacinas suficientes entre as que já possuem autorização para uso no Brasil. Com isso, o custo total da importação ficaria somente para os estados.

De acordo com a nota do Consórcio Nordeste, as 37 milhões de doses direcionadas inicialmente ao Brasil serão agora enviadas pela Rússia a Argentina, México e Bolívia.

O Fundo Russo de Investimentos Diretos (RDIF), responsável pela comercialização da Sputnik V no exterior, disse em nota que os Estados do Nordeste seguem comprometidos em comprar a vacina, e negou que as doses previstas para o Brasil serão destinadas a outros países.

Segundo o RDIF, o consórcio reafirmou que a relação com o fundo russo “continua estabelecida de acordo com o contrato firmado e que continuará trabalhando para trazer a vacina Sputnik V ao Brasil”.

(Reportagem adicional de Anthony BoadleEdição de Pedro Fonseca)

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5 ago 2021, às 18h15.
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