SÃO PAULO (Reuters) – A enfermeira Mônica Calazans, de 54 anos, tornou-se neste domingo a primeira pessoa a ser vacinada contra a Covid-19 no Brasil, minutos após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizar o uso emergencial das vacinas CoronaVac, do laboratório chinês Sinovac, e Oxford-AstraZeneca.

Mônica, enfermeira do Hospital Emílio Ribas, em São Paulo, levantou os braços para comemorar depois de ter recebido a primeira dose da CoronaVac, vacina que foi testada no Brasil pelo Instituto Butantan. Ela foi voluntária nos testes da vacina e, como recebeu o imunizante agora, fez parte do grupo placebo do estudo.

“É a grande chance que a gente tem de salvar mais vidas”, disse Mônica em pronunciamento após ser vacinada, ao lado do governador de São Paulo, João Doria, e diversas autoridades sanitárias do Estado.

Mônica é negra e enfermeira da linha de frente no combate à pandemia e atua na UTI da unidade. Ela disse ter quase perdido um irmão devido à Covid-19 e incentivou as pessoas a se vacinarem.

“Acreditem na vacina”, disse. “Vamos nos vacinar, não tenham medo.”

Além de Mônica, também foi vacinada neste domingo a indígena Vanuzia Santos, de 50 anos, que é técnica de enfermagem e moradora de uma aldeia multiétnica em Garulhos. Assim como os profissionais de saúde, os indígenas também fazem parte do primeiro grupo de risco a ser imunizado contra a Covid-19.

O governador de São Paulo tem na vacina contra a Covid-19 seu grande trunfo na disputa política com o presidente Jair Bolsonaro. Doria é provável candidato à Presidência em 2022, quando Bolsonaro tentará a reeleição.

“Hoje é o Dia V. V de vida, de vacina”, disse Doria a jornalistas instantes antes de Mônica ser vacinada.

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou em entrevista à imprensa após a aplicação da primeira dose que a vacinação em São Paulo foi “em desacordo com a lei”, uma vez que medida provisória do governo federal determinou que cabe ao Ministério da Saúde coordenar nacionalmente a imunização contra o coronavírus.

O governo de São Paulo alega que parte das vacinas do Butantan sempre permanece no Estado para a vacinação da população, e que foi combinado com o Ministério da Saúde que a mesma prática seria realizada com as vacinas contra a Covid-19.

(Por Eduardo Simões, Leonardo Benassatto e Amanda Perobelli)

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17 jan 2021, às 17h48. Atualizado às 17h50.
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