O Ibovespa mostra fraqueza nesta segunda-feira, 9, enquanto agentes financeiros ainda repercutem os ataques bolsonaristas em Brasília no último domingo, 8, quando grupos golpistas deixaram um rastro de destruição na Esplanada dos Ministérios.

Às 11:14, o Ibovespa caía 0,39%, a 108.536,88 pontos. No pior momento, chegou a 108.134,33 pontos. Na máxima, a 109.237,66 pontos. O volume financeiro somava 3,4 bilhões de reais.

Na véspera, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram e depredaram os prédios do Palácio do Planalto, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso Nacional em Brasília.

Ainda no domingo, após os ataques aos Três Poderes, Lula decretou intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal e, na madrugada desta segunda-feira, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou o afastamento por 90 dias do governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB).

Na visão de José Tovar, presidente-executivo da Truxt Investimentos, as imagens podem assustar o investidor estrangeiro inicialmente, mas o efeito no mercado tende a ser limitado, pois as lideranças políticas condenaram os episódios, que também não tiveram uma liderança política por trás.

“É deplorável o vandalismo e a destruição de propriedade pública… Foi um capítulo ruim na história política do Brasil”, afirmou Tovar. “Mas não acho que o mercado vá dar grande importância, se parar por aí, como eu espero”, disse o presidente da Truxt, que tem 16 bilhões de reais em ativos sob gestão.

Operadores aguardam a abertura das bolsas norte-americanas (11h30, horário de Brasília) para avaliar o real impacto dos episódios no mercado brasileiro. Em Nova York, os futuros acionários mostravam sinal positivo.

Para estrategistas do JPMorgan, a reação negativa do mercado deve ser de curto prazo. “Foi mais um evento midiático do que qualquer outra coisa”, afirmaram, ressaltando, porém, que é preciso observar se esses ataques irão surgir novamente e qual será a intensidade deles.

Eles acrescentaram que os protestos de domingo foram centralizados em Brasília e que “é fundamental que não se espalhem em larga escala para outros Estados ou que não causem um efeito cascata como uma greve de caminhoneiros”.

DESTAQUES

– PETROBRAS PN subia 0,51%, a 23,86 reais, enquanto PETROBRAS ON valorizava-se 1,04%, a 27,19 reais, em dia de forte alta do petróleo no exterior. A companhia precisou reforçar segurança em suas refinarias, em uma medida cautelar após receber ameaças de ataque contra instalações, incluindo as refinarias Reduc e Repar, disseram dois executivos da empresa à Reuters ainda no domingo. No setor, PRIO ON avançava 2,22% e 3R PETROLEUM ON ganhava 1,03%.

– VALE ON mostrava acréscimo de 0,05%, a 92,39 reais, apesar do declínio dos contratos futuros de minério de ferro nas bolsas de Dalian e Cingapura, depois que o planejador estatal da China prometeu aumentar os esforços para regular os preços do ingrediente siderúrgico e reprimir especulação “maliciosa” de preços.

– HAPVIDA ON caía 4,03%, 4,53 reais, após novo rebaixamento de recomendação – desta vez o Bradesco BBI cortou a classificação da ação para ‘neutra’ e reduziu o preço-alvo de 9,50 para 6,50 reais, citando entre as razões uma visão mais cautelosa para as margens. Na semana passada, o JPMorgan havia cortado a recomendação das ações do grupo de saúde.

– CYRELA ON perdia 2,55%, a 13,36 reais, em meio ao declínio generalizado de papéis do setor imobiliário no Ibovespa, com EZTEC ON ,EZTC3.SA> em baixa de 3,77% e MRV ON em queda de 3,05%. O índice do setor na B3, que inclui também ações de empresas de shopping centers e papéis que não estão no Ibovespa, cedia 2,02%.

– ITAÚ UNIBANCO PN declinava 0,52%, a 25,10 reais, enquanto BRADESCO PN recuava 2,02%, a 14,27 reais, e BANCO DO BRASIL ON mostrava decréscimo de 0,91%, a 34,73 reais.

– GAFISA ON, que não está no Ibovespa, caía 5,87%, a 21,65 reais, após a Justiça do Estado de São Paulo anular decisão da semana passada e permitir o aumento de capital privado da companhia. A operação de 78 milhões de reais havia sido anunciada em novembro e homologada no último dia 3, a 5,89 por ação.

Por Paula Arend Laier/São Paulo/Reuters

9 jan 2023, às 14h45. Atualizado às 15h02.
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