por Redação RIC.com.br
com informações do NHK e do VICE World News

Uma jovem japonesa admitiu ter matado seu bebê após dar à luz em um banheiro no aeroporto de Haneda, em Tóquio, em 2019. Koyuri Kitai, 23, foi a julgamento na segunda-feira (13) e confessou que ela sufocou seu bebê com papel higiênico e enterrou o corpo em um parque de Tóquio.

Kitai é natural da cidade de Kobe, mas visitava Tóquio para entrevistas de emprego quando deu à luz logo após o desembarque no aeroporto, no banheiro. Ela afirmou que foi uma gravidez indesejada e sentiu que não tinha outra escolha a não ser matar seu recém-nascido.

“Meu médico me disse que eu não poderia abortar o bebê e que não sabia o que fazer. Achei que se contasse aos meus pais, os chocaria. Não tive coragem de consultá-los sobre o nascimento do bebê ”, disse Kitai ao Tribunal Distrital de Tóquio durante seu julgamento, conforme relatado pela emissora japonesa NHK.

Kitai foi presa logo depois que o cadáver do bebê foi encontrado saindo do solo do parque de Tóquio. O caso gerou discussões sobre as leis japonesas sobre o aborto e a falta de recursos para mulheres grávidas.

De acordo com a NHK, Kitai disse que o pai do bebê era um cliente de seu emprego de meio período. Ela manteve sua gravidez em segredo de sua família, até se recusando a ir a um ginecologista para exames regulares. Quando ela procurou assistência médica, já era tarde demais, já que os abortos estão disponíveis até 21 semanas e seis dias de gravidez no Japão.

Kitai disse que não sabia que iria dar à luz naquele dia específico, mas quando o fez, “entrou em pânico”.

“Pensei em chamar uma ambulância, mas de repente percebi que estava enfiando papel higiênico na boca do bebê. Eu estava preocupada e com medo, não sabia o que fazer ”, disse ela.

Yumiko Nakajima, médica-chefe da Shimodaira Ladies Clinic em Tóquio, disse que o caso de Kitai é “entristecedor” e destaca a necessidade de mais apoio para mulheres grávidas.

“É um exemplo de uma jovem que não sabia quais recursos estavam disponíveis para ela para esta gravidez indesejada. Mesmo se tivermos fundos e organizações que apoiem ​​as mulheres, se a informação não chegar até elas, não adianta”, disse ela ao VICE World News.

No Japão, a maioria dos motivos para interromper a gravidez é permitida, incluindo quando uma mulher sente que não pode sustentar financeiramente seu filho. Mas, ao contrário de outras nações do G7, o Japão ainda exige que as mulheres casadas obtenham o consentimento de seus cônjuges antes de buscarem o aborto.

16 set 2021, às 10h11.
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