Os riscos da censura online para seus negócios

Alex Kunrath é consultor sênior da IDATI Soluções Comerciais (Foto: Arquivo pessoal)

Alex Kunrath, Consultor Sênior da IDATI Soluções Comerciais

Temos acompanhado uma verdadeira guerra da mídia nacional e internacional. Quando falamos de grandes redes, vemos uma preferência clara pelo tipo de notícia a ser publicada, desde atos de guerra até as peripécias do presidente americano Donald Trump.

Bom ou ruim, a favor ou contra, o importante é recebermos informações claras.

E isso não tem acontecido na mídia internacional. O próprio presidente americano vive em um verdadeiro clima de guerra com a mídia de seu país.

Dentro desse contexto, vemos no Brasil uma série de matérias e notícias tendenciosas, aonde está cada vez mais difícil encontrar fatos dentre o volume de informações desconexas e inexatas que nos é entregue todos os dias.

Canais de televisão, jornais, revistas, blogs, canais do youtube, páginas no facebook entre outros. Quem afinal tem fatos a lhe contar e não boatos?

Sempre que vemos uma notícia, nacional ou internacional, o ideal é analisar as fontes e o conteúdo original que gerou essa (des)informação. Mas esse não é o perfil do usuário padrão, que se apega a manchetes sensacionalistas e as replica sem a mínima confirmação de seu conteúdo.

Nosso ambiente é caótico e estamos sobrecarregados de informações distorcidas ou inverídicas.

O grande ponto desse embate midiático e nas redes sociais se deu na eleição do Presidente Americano. Fala-se inclusive na interferência russa no processo democrático norte-americano.

No Brasil passamos por um processo semelhante no passado, quando vimos uma quantidade enorme de recursos federais alocada em páginas e blogueiros que replicavam notícias distorcidas ou falsas, tendo um papel relevante na eleição. Assim como hoje analistas tentam prever o impacto das redes sociais na eleição que se aproxima, com informações impulsionadas por todos os lados da disputa, em uma nova abordagem dos partidos junto aos seus eleitores.

O que se percebe é um ambiente altamente nebuloso no Brasil e no mundo.

Os Estados Unidos, país que constitucionalmente defende a liberdade plena de expressão de seus cidadãos, está vivendo um momento ruidoso em sua história. Canais e pessoas taxadas como promotores de ódio ou fakenews estão tendo seus canais e páginas excluídos de redes sociais como o Facebook e o Youtube.

No Brasil começamos a ver o mesmo movimento.

No caso americano é uma afronta aos próprios valores constitucionais do país. No Brasil já visualizamos uma tendência de alinhamento do que pode ou não ser promovido. Páginas, Canais e até mesmo perfis pessoais estão sendo excluídos pelos censores profissionais contratados pelo Facebook e Youtube.

E nossa tendência ao radicalismo de opiniões, tendo como premissa a difusão do imperativo politicamente correto presente em manuais nebulosos de conduta formulado pelas redes sociais, que a qualquer momento modificam suas regras de uso, está nos tornando reféns de avaliações corporativas e nem sempre imparciais.

Perceba: já não sabemos mais o que podemos dizer e que opiniões podemos expor.

E isso pode ter impacto direto sobre seu negócio.

Não partimos mais das discussões e dos impactos que nossas opiniões podem ter, positivamente ou negativamente, junto aos nossos clientes e parceiros comerciais. Nosso receio secundário agora é como podemos nos expressar perante as corporações que dominam as redes sociais.

Muitos pequenos empresários optam por estar presentes apenas em uma rede social, abrindo mão inclusive de um próprio website. Conheço empresários que, pelo perfil de seus negócios, optaram por estar apenas no Facebook, para lhe dar um exemplo. Mas quando um empresário toma tal medida, ele esquece que está locando um espaço em outra empresa para interagir com seus clientes. As regras das redes sociais são flutuantes e esse novo movimento de constrangimento do que pode ou não ser apresentado e replicado é um claro risco à negócios nesse perfil.

Uma campanha mal interpretada. Uma piada. Um posicionamento institucional ou pessoal. Tudo envolve riscos hoje. Se a patrulha corporativa dos bons costumes considerar a conduta de sua pessoa ou de sua empresa inadequado, essa simplesmente será expulsa de tal ambiente.

E não tem a quem recorrer.

Nosso sistema judiciário é lento e não possui regras claras para proteger usuários de redes sociais privadas. Se os americanos, que possuem direito constitucional à liberdade de expressão, estão sendo expulsos, o que resta para nós brasileiros?

É hora de ser comedido e não expor seu negócio.

Um detalhe ainda mais alarmante na situação brasileira: perfis pessoais, sem declarações de alto impacto, foram excluídos por, teoricamente, fazer parte de uma rede coordenada de fakenews. Interagir com outros usuários de maneira não pública pode expor você ou sua empresa.

Facebook, Instagram e Whatsapp são pertencentes à mesma empresa. Já o Youtube é da Google, empresa dominante em informações e rastreamento online.

E essas gigantes estão excluindo e bloqueando usuários. “Nossos termos de utilização, nossas regras”.

No Brasil, durante a ditadura militar, se tornou célebre a frase: “Brasil: ame-o ou deixe-o”.

Agora empresas privadas, com a ampla maioria dos usuários mundiais da internet em seus cadastros, passaram a fazer o mesmo. Você não tem escolha. Sua empresa não tem escolha. É necessário estar conectado às redes sociais para aumentar a interação com seus clientes.

Esse conjunto de arbitrariedades faz com que você, a partir de agora, deva ter muito receio do que vai expor em suas atividades nas redes, de modo a evitar ser considerado um pária por essas gigantes dominantes.

Publicar esse artigo reflexivo pode ser um risco. Depende da opinião do censurador oficial.

Pense nisso: já temos leis no Brasil para punir crimes de ódio, racismo, apologias das mais diversas às mais diversas barbaridades. O local para resolver isso é em tribunais. Reais.

Uma pessoa ou uma empresa não deveria estar à mercê de censuradores profissionais.

Sua empresa pode ser a próxima censurada.

Nos Estados Unidos, a InfoWar acaba de excluída do Facebook e do Youtube. Sim, são sensacionalistas. Sim, diversos conteúdos dignos dos mais mambembes teóricos da conspiração. Mas e a constituição americana, que defende a liberdade de expressão? Esse é um marco, o canal tinha mais de um bilhão de visualizações em seus vídeos. E foi censurado.

No Brasil, passamos por um episódio de proporções muito menores, mas que nos trazem significado. Diversas páginas e perfis foram excluídos arbitrariamente. Perfis inclusive sem postagens.

O perfil do administrador ou colaborador de sua página de negócios por colocar sua interação com seus clientes em risco a partir de agora.

Lembre: muitos perfis pessoais de pequenos empresários são utilizados para gerenciais suas páginas. Se excluírem esse indivíduo, este não terá acesso mais à sua página.

E se for seu colaborador que gerencia sua página? E se ele for banido por mau comportamento? Como você fará para recuperar seu negócio online?

O que você deve fazer agora:

  • Adicione ao menos mais um administrador à sua página de negócios
  • Solicite aos seus colaboradores vinculados à sua página uma postura independente nas redes sociais
  • Restrinja postagens que possam ser mal interpretadas e prover punições dos censores
  • Não se afilie a grupos políticos ou sobre assuntos polêmicos
  • Cuidado com o conteúdo de suas mensagens, mesmo que privadas

Ninguém está imune a ser excluído a qualquer momento das redes sociais.

George Orwell já falava sobre isso em seu livro 1984. Estamos diante do Big Brother dos bons costumes.

A diferença é que aqui não vemos o Estado como controlador da vida dos cidadãos.  São Corporações. E até o momento com poderes plenos para definir quem serve ou não para estar em suas “acomodações” online. Seja um bom hóspede e pense estritamente em seu negócio.

Está na hora de você encarar o fato de conviver online em um ambiente de censura e preparar planos de contingência para o possível momento de ser excluído ou mesmo perder a página da sua empresa, seja por uma postagem nela presente, seja pelo seu comportamento ou de um colaborador.

Mesmo que não publique nada você agora está sob os auspícios do Grande Irmão.

Reflita. Enquadre-se.

E deixa sua opinião polêmica para conversas entre amigos. Pessoalmente.

alex@idati.com.br

www.idati.com.br 

9 ago 2018, às 00h00.
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