O deputado federal Emerson Petriv (PROS), mais conhecido como Boca Aberta, o filho dele, deputado estadual Matheus Viniccius Ribeiro Petriv, Boca Aberta Júnior, e a esposa, a vereadora em Londrina Marly de Fátima Ribeiro, a Mara Boca Aberta, são alvos de uma ação do Ministério Público do Paraná (MP-PR) acusados de improbidade administrativa. As investigações do Gepatria (Grupo Especializado na Proteção do Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa) sugerem possível esquema criminoso para vantagens em despesas pessoais e de familiares. O crime é conhecido por “rachadinha”.

Boca Aberta Junior responde a uma outra ação, e é investigado por desvios de verba pública em compras de kits esportivos. Além da família, uma assessora do deputado estadual também é investigada.

De acordo com o MPPR, a “rachadinha” funcionaria através de pagamentos de despesas do gabinete com os salários dos funcionários. O esquema obriga a entrega de parte do vencimento recebido pelos contratados, com ameaças de demissão caso não sejam cumpridos. Aproximadamente R$ 87 mil já teriam sido desviados, segundo a denúncia. Entre as despesas pagas estariam cestas básicas para distribuição, Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) de bens da família e gastos pessoais, como contas de água e energia. 

O promotor do Gepatria, Renato de Lima Castro, em entrevista ao Balanço Geral Londrina, afirmou ter provas através de comprovantes de depósitos feitos por assessores da família em contas pessoais. 

Desvio de kits esportivos

A investigação ainda dá conta de entregas irregulares de kits esportivos. Os materiais teriam sido comprados por meio de verbas públicas destinadas ao Plano Paraná Mais Cidade (PPMC), Programa Educação Mais Esporte e Transforma Paraná, do Governo Estadual. Eles deveriam ser entregues exclusivamente para escolas do estado. O deputado Boca Aberta Júnior e a assessora teriam apreendido os kits e doado, em nome da família Boa Aberta, para pessoas “influentes”, conforme o promotor Renato de Lima Castro.

Kits esportivos entregues ao MPPR. (Foto: Rafael Machado)

Os beneficiados pelos materiais entregaram à promotoria todos os itens, comprovando que houve desvio. Boca Aberta Júnior foi advertido formalmente para que os kits fossem devolvidos, ato que não foi concluído. O desvio teria ocorrido mediante indução a erro de servidores da autarquia estadual Paraná Esporte, responsáveis pela disponibilização e entrega dos materiais, bem como de diretores de escolas estaduais de Londrina. 

De acordo com declarações prestadas pelos diretores das escolas contempladas e verificações realizadas pela autarquia estadual e pelo Gepatria de Londrina, de um total de R$ 313.685,00, pelo menos R$ 204.218,00 em materiais esportivos teriam sido apropriados e desviados. Os itens teriam sido distribuídos como se fossem um “presente” do parlamentar.

Se condenados nas ações civis, os citados poderão sofrer as penalidades previstas na legislação, entre elas, perda da função pública, suspensão dos direitos políticas e proibição de contratar com o poder público, além de pagamento de multa e ressarcimento dos danos ao erário.

Manifestação dos acusados

O deputado federal Boca Aberta alega que as denúncias foram feitas sem provas e que ele e sua família estão sendo perseguidos pela promotoria. Sobre os kits, explica que foram adquiridos em 2019 e seriam materiais que sobraram.

Mara Boca Aberta também alegou serem denúncias infundadas. A vereadora afirma que adversários políticos estariam tentando se beneficiar da situação. Ela disse não saber do que se trata a “rachadinha”, já que ainda não havia assumido seu cargo em 2019.

21 maio 2021, às 14h28.
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