SÃO PAULO (Reuters) – Os presidenciáveis Ciro Gomes (PDT), Eduardo Leite (PSDB), João Amoêdo (Novo), João Doria (PSDB), Luciano Huck (sem partido) e Luiz Henrique Mandetta (DEM) publicaram uma carta em defesa da democracia nesta quarta-feira, dia que marca os 57 anos do golpe militar no Brasil.

Segundo os seis, vistos como possíveis candidatos de oposição ao presidente Jair Bolsonaro nas eleições de 2022, a democracia brasileira está sendo ameaçada três décadas depois da promulgação da Constituição de 1988, um dos marcos do fim da ditadura militar.

“A conquista do Brasil sonhado por cada um de nós não pode prescindir da democracia”, diz a carta, que cita tópicos como liberdade de expressão, respeito aos direitos individuais, justiça para todos, direito ao voto e ao protesto.

“(A democracia) é nosso legado, nosso chão, nosso farol. Cabe a cada um de nós defendê-la e lutar por seus princípios e valores”, acrescentaram os presidenciáveis.

O documento, que não faz menção a Bolsonaro, foi publicado em um momento de turbulência nas Forças Armadas, um dia após os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica deixarem seus postos, em movimento sem precedentes que acompanhou a saída do general Fernando Azevedo e Silva do comando do Ministério da Defesa.

Fontes disseram à Reuters que Azevedo admitiu a interlocutores que se sentia desconfortável no governo Bolsonaro e que havia uma pressão para maior envolvimento político das Forças Armadas, o que ele não permitiu, culminando em seu afastamento.

Nesta quarta, ao apresentar os novos comandantes das Forças, o novo ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, afirmou que as Forças Armadas se mantêm fieis a seus compromissos constitucionais e à garantia da democracia. Em sua estreia no cargo, na véspera, ele havia dito que o golpe militar de 1964 teve o papel de “pacificar o país”.

“Exemplos não faltam para nos mostrar que o autoritarismo pode emergir das sombras, sempre que as sociedades se descuidam e silenciam na defesa dos valores democráticos”, disseram Ciro, Leite, Amoêdo, Doria, Huck e Mandetta em sua manifestação.

“Homens e mulheres desse país que apreciam a liberdade, sejam civis ou militares, independentemente de filiação partidária, cor, religião, gênero e origem, devem estar unidos pela defesa da consciência democrática”, concluíram.

(Por Gabriel Araujo, com reportagem adicional de Eduardo Simões)

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31 mar 2021, às 20h39. Atualizado às 20h40.
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